É polaca, chegou a Lisboa há 15 anos e já não tenciona sair do nosso país.

Apaixonou-se por Olivier, teve dois filhos, Mateus, de seis anos, e Lucas de oito, que jogam golfe como o pai, e adora o que faz: é relações públicas dos restaurantes do marido que ela própria ajudou a criar.

Agora passa todas as horas de almoço e de jantar no Olivier Avenida e à meia-noite ainda vai espreitar a nova pizzaria Guilty, mais um sucesso do casal.

Chegou a Portugal há 15 anos. Veio com que objectivo para o nosso país?

Cheguei com o meu namorado da altura porque ele queria morar aqui.

Até que conhece Olivier. Tinha quantos anos quando se conheceram?

Tinha 25 anos e ele 21. Nessa altura o Olivier ainda morava em casa dos pais e não tinha qualquer actividade. O que mais me fascinou nele foi o sentido de humor e a boa disposição. A sua principal característica é fazer rir toda a gente.

Como é que ele a conquistou?

Apaixonou-se por mim logo no primeiro dia que me conheceu e ofereceu-me um coração gigante feito de rosas… Entretanto o meu avô morre e eu vou para a Polónia. Tive o telemóvel desligado durante cinco dias e quando regressei a Portugal é que vi que tinha a caixa cheia de chamadas dele. Nesse mesmo dia fomos almoçar à Praia Grande e ele seguiu para o Algarve para um torneio de golfe de três dias.

Foi com ele?

Não, mas logo no primeiro dia telefonou-me a dizer que não conseguia viver sem mim, e chegou a minha casa com a mala de três dias que tinha levado para o Algarve. A partir daí, nunca mais nos separámos. Ao fim de três meses, disse-lhe que tinha de ajudar a pagar as contas e foi aí que ele começou a trabalhar.

Reabriu o restaurante que tinha sido do pai no Castelo de São Jorge?

Ele já tinha dirigido a esplanada do pai no Verão mas depois não pode ficar muito mais tempo por falta de condições. Curiosamente, um dia confidenciou-me que a primeira vez que me viu foi lá quando eu passeava com a minha mãe no Castelo de São Jorge…

Sentia que ele já era um jovem empreendedor?

Muitíssimo. Começou por vender t-shirts na escola e depois ganhava dinheiro a preparar cabazes de Natal.

Depois do Castelo trabalharam bastante tempo numa cervejaria no Campo Pequeno?

Fomos para a João XXI, frente à Caixa Geral de Depósitos, tomar conta do restaurante de um amigo. Entrava lá às 17 horas e saía às três da manhã. Fazia tudo, desde tomar conta do bar à limpeza se fosse preciso. Nunca me recusei a trabalhar.

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Dali é que vão para o Bairro Alto, onde Olivier dá asas ao seu talento?

Foi o dono do Porta Branca que desafiou o Olivier a ficar com o restaurante. Quando entrei lá a primeira vez, amei o espaço. Só mandei fazer tampos e toalhas, e com a ajuda dos empregados, forrei as cadeiras, e comprei copos vermelhos da Marinha Grande para servir o vinho.

Estiveram sempre cheios. O sucesso superou as vossas expectativas?

Durante o ano que trabalhámos no Campo Pequeno fiz um mailing dos clientes e quando abrimos no Bairro Alto mandei mais de 2000 envelopes a informar onde estávamos. Só tivemos um dia sem clientes, a partir daí tínhamos fila à porta todos os dias.

O Olivier preparou um menu de degustação que foi muito apreciado?

Foi o primeiro menu de degustação de Lisboa. Ele costumava dizer-me que, como eu, a maioria das pessoas não sabe escolher pratos. Daí ele ter feito pequenos pratos para os clientes poderem experimentar tudo. E, de facto, as pessoas adoraram!

A seguir abrem junto ao Cais do Sodré, na antiga Cervejaria Alemã, onde ainda hoje estão.

Abrimos dois ou três anos depois, na altura do MTV Awards e a festa de abertura correu maravilhosamente.

Há quanto tempo abriram no Hotel Tivoli Jardim, na Avenida da Liberdade?

Há três anos. Chama-se Olivier Avenida e foi a maior aposta. Há um ano abrimos o Yakuza por sugestão do cozinheiro Aguinaldo, um especialista de sushi, que nós conhecemos há muitos anos. Foi ele que sugeriu a abertura do restaurante japonês. No mesmo espaço do hotel, temos de um lado o Olivier, e do outro o japonês que também está a fazer muito sucesso.

Mas não ficaram por aqui. Há dois meses abriram a pizzaria Guilty, na Barata Salgueiro.

Tem sido uma loucura. É um espaço enorme com janelas abertas para a rua e tem sido frequentado por pessoas de todas as idades. Às quintas, sextas e sábados, vira bar depois da meia-noite.

Qual é o tempo que dedica por dia aos restaurantes?

Passo aqui todas as horas de almoço e de jantar e por volta da meia-noite e meia passo na pizzaria.

Os portugueses costumam dizer: “patrão fora, dia santo na loja”. É por isso que faz questão de estar sempre presente?

É muito importante a nossa presença. Por outro lado, é à noite, depois das 23h30, meia-noite, quando os clientes já jantaram e estão a conversar, que eu e o meu marido podemos estar um pouco juntos.

E com quem ficam os seus filhos à noite?

Ficam com a empregada. Tenho uma funcionária em casa desde que eles nasceram. Mas sou eu que os levo todos os dias à escola e os vou buscar.

Gosta deste trabalho de relações públicas dos restaurantes?

Adoro. Como estou aqui todos os dias vejo a celebração da vida das pessoas e isso é muito interessante.

O seu marido cozinha para si?

Só quando inventa um prato. Aí convida-me para jantar com ele para lhe dar a minha opinião.

Também cozinha para ele?

Cozinho mas ele só gosta dos meus bolos.

Onde passa férias?

Vamos sempre para o Algarve. Os meus filhos adoram porque vão para lá desde que nasceram e têm lá os amigos.

Vai todos os anos à Polónia?

Quase sempre e levo os meus filhos. Quando não posso ir, vem cá a minha mãe.

Fala polaco com as crianças?

Falo quando estamos sozinhos. O mais velho já percebe tudo e já vai falando. Aliás, eles estudam no Liceu Francês, mas agora têm aulas de polaco aos sábados.

Quem é a sua melhor amiga em Portugal?

A minha sogra. Protege-me muito, é minha amiga e muito boa pessoa.

Qual é o seu maior sonho?

Quero ser feliz e que os meus filhos também sejam felizes.

É feliz?

Sou. E estou muito bem resolvida.

Texto: Palmira Correia