Foi advogada e directora-geral da Ordem dos Advogados, mas há cerca de um ano decidiu ser empresária e abriu no Bairro Alto uma loja inovadora só com objetos totalmente feitos em cortiça. A loja é a

CORK & CO

e o sucesso já ultrapassou fronteiras. O passo seguinte é a internacionalização.

Nasceu em Lisboa, licenciou-se na Faculdade de Direito e foi advogada. Como foi o início da sua carreira?
Comecei por fazer o meu estágio num escritório conceituado de Lisboa, do Dr. Luís Brito Correia. Comecei a trabalhar mal terminei o curso. Foi nesse escritório que permaneci durante todo o estágio e onde exerci actividade, já como advogada, durante algum tempo.

Entretanto foi trabalhar para a Ordem dos Advogados?
Fui lá a uma entrevista e, como acharam que eu era muito dinâmica, convidaram-me para coordenar, em regime de part-time, a organização de todos os cursos de estágio. O primeiro curso de estágio que eu organizei tinha 550 pessoas.

Fez uma brilhante carreira na Ordem dos Advogados. Foi um trabalho gratificante?
Foi muitíssimo gratificante. Fiz uma progressão muito interessante: comecei como coordenadora do estágio, mas fazia de tudo um pouco: organizei conferências, congressos, e representava a Ordem em muitos eventos nacionais e internacionais. Como sempre falei fluentemente várias línguas era muitas vezes nomeada para esses eventos. Depois, fui convidada para ser secretária-geral de Lisboa e, no tempo bastonário Dr. Pires de Lima, fui convidada para ser a directora-geral nacional. Ao longo dos 20 anos em que lá trabalhei conheci sete bastonários.

Resolveu sair porquê?
Porque já tinha atingido o patamar máximo e achei que aquele desafio se iria esgotar. Além do mais estava um pouco cansada da rotatividade dos bastonários de três em três anos e da mudança de pessoas nos diferentes órgãos a nível nacional. Também saí porque achei que era ainda suficientemente nova para me lançar noutro desafio e começar um projecto novo.

Como é que surgiu a ideia de fazer a CORK & CO?
Surgiu porque já existia o espaço que fica num prédio de família, no Bairro Alto, e havia o desejo de avançar com um conceito diferente que se integrasse perfeitamente no ambiente trendy e inovador do Bairro: algo que conseguisse acrescentar alguma coisa de novo à cidade. Depois de muitas pesquisas, surgiu a ideia de desenvolver uma loja centrada à volta da cortiça, que é um produto com características verdadeiramente fantásticas, mas em que se privilegiasse a inovação, a qualidade, o design e a sustentabilidade.

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O que está a ser mais gratificante na sua nova actividade?
O contacto com as pessoas e a reacção que têm perante os nossos produtos. Como falamos várias línguas, a interação com os clientes é enorme. No espaço de um ano, passaram pela loja pessoas de todas as partes do mundo: desde europeus de todas as nacionalidades a americanos de todos os estados, sul-americanos, tailandeses ou neozelandeses, passando por egípcios ou sul-africanos. É incrível. Quem esteve na loja recomenda-a aos amigos que vêm a Portugal e recebemos frequentemente e-mails com pedidos de vendas online. Recebemos também, com muita frequência, diplomatas estrangeiros em Portugal que vêm mostrar a CORK & CO a amigos de visita a Lisboa.

Quais são os outros mercados?
Para além dos europeus e do mercado americano, os brasileiros também gostam imenso do produto. Claro que e o Norte da Europa é fascinado. Apreciam para além do design o facto de o produto ser sustentável, impermeável, lavável e de cor clara. Os nórdicos gostam de usar e de decorar a casa com peças claras. É um mercado para o qual já estamos direcionados e onde vamos ter uma presença directa dentro de muito pouco tempo.

Já a desafiaram a abrir fora de Portugal?
Está sempre a suceder. Os nossos clientes pedem-nos para abrir pontos de representação, franchising, distribuição. Alguns estão em estudo e a expansão faz parte dos nossos planos. É a evolução natural.

Quando diz nós, refere-se à sua família?
É um projeto familiar, partilhado a dois e que queremos que envolva os nossos filhos. Um estuda direito, a outra gestão, e a mais nova está apontada para a área do marketing, formações imprescindíveis a este conceito. Também é interessante para eles terem acompanhado desde a origem a formação de uma empresa e sentirem todos os dias o que significa ter espírito empreendedor.

O projecto seguinte é a internacionalização?
Ao nível do Norte da Europa estamos a ultimar a nossa representação e estamos também a negociar uma primeira representação para os Estados Unidos. O resto da Europa e, numa segunda fase, o Brasil, serão os outros mercados de eleição.

Para além da parte empresarial, tem três filhos. Que peso é que a maternidade tem na sua vida?
Teve bastante. Aliás, quando decidi sair da Ordem dos Advogados e começar a empreender novas apostas, foi porque achava que ainda estava na idade certa e, também, porque sabia que, nessa altura, os meus filhos já tinham a independência suficiente para que, por um lado, eu tivesse a disponibilidade para me dedicar a novos projectos muito absorventes e, por outro, para que eles próprios pudessem acompanhar o seu arranque e participar na sua evolução.

Ser mãe é a realização mais importante da sua vida?
Sem dúvida. Ser mãe é um papel extremamente importante do qual nunca abdiquei e isso reflete-se na forma como os meus filhos cresceram e se tornaram jovens adultos. Hoje em dia estamos todos muito interligados e tenho imenso orgulho em ter uma família muito unida.