Nesta segunda parte focaremos certos aspectos técnicos, apoiando-nos em dois exemplos de escritas, seleccionadas para facilitar a exposição e a compreensão de determinadas características passíveis de comparação. Lembramos que todas as escritas são constituídas por parâmetros comuns, o que no sistema de classificação da escola francesa é denominado por ‘’género’’. Esses parâmetros característicos da escrita são: a dimensão, a forma, a direcção, a velocidade, a pressão, a continuidade e a organização, assim como outros princípios decorrentes da concepção dos diferentes países. Quaisquer variações particulares que ocorram, tornam a escrita personalizada e consequentemente significativa ao nível psicológico. O modelo de caligrafia nacional, institucionalizado nas escolas, é uma das principais referências que permite proporcionar as variações dos parâmetros enunciados. Essas variações vão revelar os traços característicos da personalidade do autor.
A título de exemplo, uma escrita de grande dimensão (mais de 2,5/3mm), com formas volumosas, cheias e exageradas, e acrescentada de uma pressão apoiada, reúne características grafológicas que indicam uma hipertrofia do Ego. O exercício consiste em identificar esse síndroma gráfico, descrever e apreciar distintamente as manifestações dessa hipertrofia em termos comportamentais, sentimentais, relacionais, organizacionais, ou seja, as atitudes ao nível afectivo, cognitivo e comunicativo. Nesta óptica, todas as características grafológicas têm assuas correlações psicológicas. De forma ampla, todos os meios de comunicação escrita, quer fonética para os ocidentais, quer ideográfica para certas culturas Asiáticas, e mesmo pictural e/ ou hieroglífica para outras culturas, vão expor, revelar e denunciar a personalidade do autor.
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Para evidenciar e validar estas afirmações, vamos proceder a uma observação técnica e comparativa de dois exemplos de escrita, que demonstram tendências opostas. Começamos pelos aspectos gerais e mais óbvios para o principiante, como a organização espacial da página e a forma, dimensão e inclinação das letras.
Os dois de cultura ocidental. De forma geral, estes dados são indispensáveis para efectuar qualquer análise.
Um primeiro exame permite reconhecer que a amostra A, comparativamente a B se diferencia por uma organização mais espontânea do espaço gráfico, ou seja, da página e, pelo facto, aparentemente menos ordenada. Ela distingue-se também por uma relativa redução da dimen-são e simplificação da forma das letras, conjugada com uma inclinação variável na direcção das mesmas. Isto deixa transparecer um movimento ou velocidade mais acentuada que na amostra B. Esta ideia de velocidade é reforçada pelos acentos deslocados e o espaço irregular entre as letras, as palavras e as linhas.
Autor: Dr. Luis Philippe Jorge (psicólogo e grafólogo) in Flor de Lótus
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