As redes sociais vieram mudar a forma como construímos as nossas relações. E para muitos também a maneira de as terminar. Segundo um estudo britânico, 13 por cento dos inquiridos mudou o estado da relação no Facebook sem antes consultar o parceiro. Outros seis por cento divulgaram a notícia no Twitter em tempo real. E apenas 38 por cento pôs fim à relação cara a cara. Se é verdade que as redes sociais aumentam os contactos pessoais, há que reconhecer a sua capacidade de gerar problemas. Veja como elas podem influenciar (toda) a sua vida e defenda-se.
Vida social
Para João Simão, professor e investigador de ciências da comunicação, as redes sociais «vieram dar origem a desenvolvimentos culturais e sociais que, de outra forma, nunca existiriam. Nunca tivemos tantos amigos, nem partilhámos tantas fotografias, vídeos e interesses». A maioria das pessoas cria perfis fiéis à sua identidade. Num estudo, o psicólogo Sam Gosling, da Universidade do Texas, nos EUA, defende que as redes sociais «são mais um meio para criar interações sociais genuínas».
Uma noção comprovada pela experiência de Maria Barbas, professora e coordenadora de um núcleo de tecnologia educativa, que garante que «90 por cento dos estudantes optam por uma identidade muito próxima da que têm na vida real (no caso do Second Life, um jogo que possibilita aos jogadores esconderem-se atrás de um personagem para viver uma segunda vida)», sublinha. A rapidez a que comunicamos e a ausência do elemento físico «podem conduzir a algum desleixo», adverte João Simão, acrescentando que muita gente divulga dados sem pensar nos riscos.
Vários estudos internacionais concluíram, também, que quem tem tendência para a solidão sente-a igualmente (ou ainda mais) no mundo virtual. Esta pode ainda gerar insegurança pela comparação do número de amigos entre utilizadores e do tempo de resposta. Por isso, lembre-se que os dados divulgados podem ser armazenados por qualquer pessoa e usados para outros fins. Mesmo que apague o seu perfil, as informações e comentários deixados noutras páginas não vão desaparecer.
Saúde
É via internet que muitas pessoas tentam aprender mais sobre as doenças e como preveni-las, mas o simples facto de estar sentado ao computador pode ter impacto na saúde, como exemplifica Luís Gouveia Andrade, que aponta «as deficiências na postura, lesões articulares, fadiga e secura ocular, cefaleias, sedentarismo, implicações cardiovasculares e tendência para ganhar peso». Uma das vantagens está relacionada com a criação de grupos de ajuda, onde se podem discutir temas e partilhar caminhos já percorridos.
«Mas para ser eficaz é preciso haver regulamentação e coordenação de alguém experiente», alerta o especialista. Um dado negativo é que «as pessoas ligadas às redes sociais, tendem a dormir menos e com menor qualidade, o que reduz a sua resistência à doença», comenta o médico. Assim, é importante identificar as fontes fidedignas e encorajar «o cruzamento de dados, a procura de uma segunda opinião e a consulta de fontes tradicionais de informação», sublinha o especialista.
Trabalho
As redes sociais podem ser importantes ferramentas de trabalho. Segundo o estudo Online Reputation in a Connected World, 70 por cento dos diretores de recursos humanos norte-americanos e 50 por cento dos europeus admite poder rejeitar candidatos devido aos perfis que estes têm no Facebook. A maioria das redes funciona como boa plataforma de trabalho, «quando usada de forma correta», diz João Simão. Além de facilidade no acesso a contactos, pode ser positiva para o trabalho «interno e externo da empresa, uma vez que permite comunicar de forma muito eficaz».
Contudo, esta pode comprometer não só o futuro profissional de cada um como o da empresa. «Certo tipo de comentários jocosos ou agressivos sobre ex-chefes e o uso demasiado frequente de jogos virtuais são situações a evitar», diz o investigador, frisando que «as redes sociais, quando usadas no período de trabalho, são responsáveis pela perda de produtividade». As redes sociais podem ser usadas na promoção da empresa ou no acesso a notícias sobre o mercado. Se está à procura de emprego, criar um perfil em redes vocacionadas para a área profissional (como o LinkedIn) pode dar-lhe visibilidade e ajudá-la a identificar oportunidades.
3 precauções simples a não esquecer:
- Evite divulgar informação pessoal (contactos, fotografias, data de aniversário ou nome completo, por exemplo).
- Crie uma conta de e-mail que não tenha o seu nome para receber informação das redes sociais.
- Familiarize-se com os parâmetros de privacidade da rede social para evitar que estranhos acedam ao seu perfil.
Texto: Mariana Correia de Barros com João Simão (professor e investigador de ciências da comunicação), Luís Gouveia Andrade (médico e diretor da Infociência) e Maria Barbas (professora)
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