O melanoma é o mais maligno dos cancros de pele. Só em em território português estima-se que surjam, anualmente, mais de 800 novos casos. Desses, 10 a 20% dos pacientes morre num prazo de 5 a 10 anos após a deteção da doença. As mulheres são mais propensas, especialmente entre os 40 e os 49 anos. Nos homens, este tipo de cancro é mais frequente no tronco, nas costas, na cabeça e no pescoço.

Nas mulheres, desenvolve-se tendencialmente mais nas pernas e no tronco. Mas não devemos, todavia, excluir a possibilidade de atingir outras áreas, incluindo os locais mais insuspeitos, nomeadamente debaixo das unhas, nas palmas das mãos ou nas plantas dos pés, muitas vezes mais desprotegidos. Quanto aos tipos de melanoma, este pode ser de diferentes tipos, como pode comprovar seguidamente.

Melanoma de extensão superficial

É o mais frequente na população branca. Produz-se em qualquer ponto da pele, mas localiza-se habitualmente nas costas e membros inferiores nas mulheres, e no tronco nos homens. A idade de maior risco é entre os 30 e os 50 anos.

Melanoma de lêntigo maligno

Afeta as áreas da pele expostas muito tempo ao sol. Localiza-se no rosto, cabeça e pescoço e, em alguns casos, no dorso da mão e pernas. A fase entre os 60 e os 70 anos é a mais propensa a este tipo melanoma. No princípio, vê-se uma mancha de bordos mal delimitados. Com o tempo estende-se e modifica-se até formar um nódulo. A cor pode ser variável, com tons acastanhados, vermelhos e pretos.

Melanoma acral

Afeta as plantas dos pés e, em menor grau, as palmas das mãos, os dedos, os genitais e a boca. Constitui 10% dos melanomas entre a população branca e 50% entre a negra e oriental, e pode aparecer em qualquer idade. Sobre a mancha inicial, surge um tumor em poucos meses, de bordo irregular.

Melanoma nodular

Costuma localizar-se na cabeça e pescoço. É mais frequente nos homens que nas mulheres e desenvolve-se entre os 50 e os 60 anos. O seu aspeto é o de uma lesão em forma de nódulo tumoral e cresce rapidamente. A cor varia. Este pode apresentar-se preto, azulado, castanho ou avermelhado.

Sangra com frequência e está elevado em relação à superfície da pele. Contudo, uma pequena percentagem de melanomas nodulares são amelanóticos (não pigmentados), e podem-se confundir com lesões benignas e serem extremamente difíceis de detetar.

O melanoma herda-se?

Embora a exposição solar seja o principal fator de risco de melanoma, a carga genética e o historial clínico de cada pessoa também aumentam a probabilidade de melanoma. Até 10% dos pacientes com melanoma tiveram algum familiar também com este tumor. Quem já teve melanoma uma vez, mesmo depois de curado, é mais propenso a ter outro, pelo que se impõe uma vigilância atenta com acompanhamento regular.

Tenha particularmente em atenção situações de nevus displásico. Trata-se de uma lesão pré-maligna que predispõe o aparecimento de melanoma. É comum em pessoas com muitos sinais. Pessoas com diminuição das defesas (sida, por exemplo) têm um alto risco de padecer de melanoma. As pessoas com muitos sinais (mais de 50) têm maior propensão, uma vez que os seus melanócitos não se concentram adequadamente.

As queimaduras solares com bolhas na pele, sobretudo na infância e adolescência, predispõem o desenvolvimento de melanoma na idade adulta, uma situação que se vem muitas vezes a verificar. Quanto mais branca é a pele, maior a predisposição para o problema, o que indica que esta pele se defende mal contra as queimaduras solares e a irritação, pelo que exige maiores cuidados de fotoproteção.

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As pessoas entre os 20 e 40 anos devem fazer um check-up a cada três ou quatro anos e, depois dos 40 anos, devem realizá-lo de forma anual. Esta rotina, que muitos portugueses ainda descuram, deve incluir um exame à pele, a par da obtenção, por parte do especialista, de informação relacionada com o historial familiar, com a exposição solar e com outros fatores de risco, para além de examinar a pele. O médico também deverá examinar os gânglios linfáticos. A sua inflamação pode indicar a presença de um (indesejável) melanoma disseminado.

Texto: Fernanda Soares com Jorge Cardoso (dermatologista)