São milhões os portugueses que exibem manchas na epiderme. Podem ter várias formas, cores, texturas e causas e afetam os dois sexos da mesma maneira. No entanto, todas elas são uma hiperpigmentação da pele com um inimigo em comum, o sol. Um agressor da pele que muitas pessoas continuam a negligenciar. Descubra qual a natureza da(s) sua(s) mancha(s) e saiba quais são as melhores formas de as eliminar:
- «Tem mais do que um tom de castanho»
Estamos perante lentigos solares. Sem volume ao toque, este tipo de mancha pode ter uma forma arredondada ou irregular. É castanha escura, mas pode ter mais do que um tom. São mais frequentes nas zonas da pele expostas ao sol. As pessoas de pele clara têm maior tendência para desenvolver lentigos solares. A excessiva exposição solar propicia não só o aparecimento destas manchas, uma vez que favorece uma sobreprodução de melanina.
Potencia também a sua multiplicação, assim como também as torna mais escuras. Outra das causas é o envelhecimento da pele causado pelo sol. Podem, ainda, ser provocadas pelo uso de cosméticos que possam provocar reações cutâneas, como, por exemplo, perfumes ou cremes perfumados, ou a toma de antibióticos durante a exposição solar.
Os lentigos solares podem tornar-se malignos, convertendo-se em melanomas de forma irregular, mais escuros e que sofrem alterações ao longo do tempo. Os tratamentos mais indicados para este tipo de problema são o laser CO2, a luz intensa pulsada, o laser Q Switched, a crioterapia e os peelings químicos.
- «Tem vindo a crescer»
Neste caso, o tipo de mancha é uma queratose seborreica. É uma lesão que surge na camada mais superficial da pele, a epiderme. Pode ser castanha (escura ou clara), cinzenta, branca ou preta e, em termos de forma, pode ser oval e é bem delimitada. Pode ser plana, aveludada, descamativa ou verrugosa. É mais comum na face e tronco.
No entanto, também pode surgir nos ombros e costas e vai crescendo lentamente ao longo do tempo. O seu aparecimento é mais frequente em adultos com mais de 40 anos e em idosos. Mas tenha em atenção que este «é um tipo de tumor benigno sem indicação para tratamento, a não ser que seja esteticamente incomodativa», esclarece Cristina Vasconcelos, dermatologista. Os tratamentos indicados são o laser CO2, a eletrocoagulação e a curetagem.
Veja na página seguinte: Manchas que aparecem depois do sol e da gravidez
- «Apareceu após a exposição solar»
Estamos perante uma fotodermatose, uma doença cutânea que causa um aumento anormal da fotossensibilidade. «Existem vários tipos de fotodermatose. Uma das mais comuns é uma erupção polimorfa à luz solar que consiste na intolerância à exposição solar», esclarece Cristina Vasconcelos, dermatologista da Clínica de Dermatologia Dr. Fernando Ribas, no Porto.
«São lesões papulosas pruriginosas e aparecem cerca de 48 a 72 horas após a exposição solar nas áreas da pele expostas ao sol», explica a especialista. «A exposição solar e a elevada sensibilidade à luz são as principais razões para o seu aparecimento. Deve ser tratada com medicação anti-histamínica, corticoides tópicos e evicção solar», sublinha ainda.
- «Surgiu após uma borbulha»
O tipo de mancha mais comum nestas situações é a cicatriz ou mancha acneica. Resulta da cicatrização da borbulha da acne (inflamação que propicia a produção de melanina), constituindo uma pigmentação pós-inflamatória. Geralmente é escura, podendo ser vermelha, castanha ou arroxeada e surge, normalmente na face e no tronco.
«Atinge principalmente adolescentes e jovens com acne grave e nódulo quístico», refere Cristina Vasconcelos. Depende, em grande parte, da predisposição que as pessoas têm para desenvolver marcas. Muitas das vezes surgem graças à tendência que estas têm para tocar na borbulha, impedindo a regeneração da pele. Peelings químicos e laser CO2 são os tratamentos indicados.
- «Surgiu na gravidez»
O tipo de mancha mais comum nesta situação é o melasma. Esta mancha pode ser mais ou menos escura, tem uma distribuição difusa e é de difícil tratamento. Localiza-se frequentemente na região frontal da face, pescoço e braços e no lábio superior. As mulheres têm maior probabilidade do que os homens de desenvolver melasma, principalmente em caso de toma da pílula, gravidez, menopausa ou terapia de substituição hormonal.
A exposição solar associada a alterações hormonais, a nível de estrogénio, são responsáveis pelo aparecimento do melasma. Este tipo de mancha pode, ainda, ter na sua origem fatores hereditários. Os tratamentos indicados são a luz intensa pulsada e os peelings químicos.
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Os tratamentos mais recomendados pelos especialistas
São cada vez mais as soluções disponíveis em consultório para eliminar manchas na pele. Cristina Vasconcelos, dermatologista, revela os tratamentos mais indicados para cada caso:
- Luz intensa pulsada (IPL)
Indicado para melasma e lentigos solares. «Trata-se de uma luz pulsada que é absorvida pelas lesões pigmentadas, levando ao seu desaparecimento. São necessárias entre três a quatro sessões, com intervalo de quatro semanas, e deve ser realizado com extremo cuidado nas peles de fototipo mais escuro e excluído em pacientes bronzeadas», diz.
- Laser CO2
Indicado para lentigos solares, queratose seborreica e manchas acneicas. «Funciona por carbonização das lesões. Normalmente, basta uma sessão. Nas cicatrizes acneicas são necessárias três a quatro sessões», avança a especialista.
- Laser Q Switched
Indicado para lentigos solares. «É um laser com atuação específica em lesões pigmentadas ou de cor escura (como, por exemplo, tatuagens). São necessárias entre uma a quatro sessões», afirma Cristina Vasconcelos.
- Peelings químicos
Indicado para melasma, lentigos solares e manchas acneicas. «Consistem numa dermabrasão provocada por um ácido (como, por exemplo, ácido tricloroacetico e salicílico), havendo uma avulsão das camadas superficiais e/ou intermédias da epiderme. Em média, são necessárias quatro sessões. Não pode ser realizado em grávidas e requer moderação em fototipos escuros», adverte.
- Crioterapia
Indicado para lentigos solares. «Trata-se de um procedimento que destrói as lesões através do frio», afirma Cristina Vasconcelos. «São necessárias entre uma a quatro sessões», indica ainda a dermatologista.
- Eletrocoagulação
Indicado para queratose seborreica. «É um processo que destrói as lesões pela sua fulguração, isto é, descarga elétrica. Normalmente requer apenas um tratamento. Não pode ser realizado em pacientes com pacemaker», alerta a especialista em problemas da epiderme.
- Curetagem
Indicado para queratose seborreica. «Trata-se da extração das lesões através de um corte superficial», explica a dermatologista da Clínica de Dermatologia Dr. Fernando Ribas, no Porto. «Requer apenas um tratamento», adverte Cristina Vasconcelos.
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Quais os riscos dos tratamentos?
Apesar dos benefícios, também existem riscos e contraindicações. «Em todos os tratamentos existe o risco de hiperpigmentação pós-inflamatória e, por isso, após o procedimento é aconselhável a proteção solar elevada e, nos meses de verão, a exposição solar deve ser evitada. Os pacientes de pele escura requerem cuidado extremo», refere Cristina Vasconcelos.
Os cosméticos usados em casa ajudam?
A especialista esclarece. «No caso do melasma, o uso de cosméticos é importante tanto antes do tratamento, como após, como forma de manutenção dos resultados. Devem conter ingredientes como hidroquinona, ácido cójico e retinol. Devem ser aplicados sempre ao deitar e complementados com a aplicação de protetor solar com fator de proteção alta», recomenda.
«Os cosméticos podem também ser usados em lentigos, embora com fracos resultados. Nas cicatrizes acneicas podem ser associados cosméticos com ação despigmentante ou queratolítica. Nas queratoses seborreicas são ineficazes», esclarece ainda Cristina Vasconcelos, dermatologista.
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