Fazer exercício físico é meio caminho andado para ter menos risco de cancro. Um estudo do National Cancer Institute e da Harvard Medical School, realizado nos EUA, constatou que, em comparação com baixos níveis de exercício, a prática de elevados de exercício físico está associada à diminuição do risco de 13 tipos de cancro. A maioria dos valores manteve-se independentemente do índice de massa corporal ou do tabagismo.
Estes foram os valores registados pela equipa de investigadores:
- 10% de risco de cancro da mama
- 13 % de risco de cancro do reto e bexiga
- 15 % de cancro da cabeça e pescoço
- 16 % de risco de cancro do cólon
- 17% de risco de mieloma
- 20% de risco de leucemia mielóide
- 21% de risco de cancro do endométrio
- 22% de risco de cancro do estômago
- 23 % de risco de cancro dos rins
- 26% de risco de cancro do pulmão
- 27% % de risco de cancro do fígado
- 42 % de risco de cancro esofágico
Existem, contudo, duas exceções:
- Cancro da pele
«A exposição solar parece ser a razão para este aumento e, como o exercício é, frequentemente, praticado ao ar livre e com vestuário ligeiro, há maior risco de queimadura solar», aponta o investigador Steven Moore, coordenador da investigação, em declarações exclusivas à revista Prevenir. O uso de proteção solar por quem pratica exercício ao ar livre é essencial.
- Cancro da próstata
«Aponta-se para a possibilidade de os homens que fazem exercício se preocuparem mais com a saúde e fazerem mais exames, sendo por isso provavelmente um efeito de excesso de rastreio com a descoberta de cancros mais precoces. Quando se faz a associação do exercício a cancros da próstata mais avançados verifica-se uma redução e não um aumento», refere Maria João Cardoso, médica oncologista.
O número de horas que deve dedicar ao desporto
300 minutos de exercício por semana, o equivalente a cinco horas, aumentam a longevidade. Num estudo anterior, Steve Moore verificou que o incremento de atividade física prolongam a esperança de vida. Os resultados verificam-se associados à prática semanal de 300 minutos de exercício físico de intensidade moderada, a 150 minutos de intensidade elevada ou ainda a uma combinação equivalente.
Veja na página seguinte: Regras para um treino saudável e eficaz
Passe à prática
A prática de exercício físico reduz o risco de cancro, seja qual for o seu peso. Faça o cálculo do seu Índice de Massa Corporal (IMC), que permite identificar o seu perfil, consulte o plano criado por Elvis Carnero, fisiologista do exercício, que de seguida lhe apresentamos e inspire-se para mudar a sua vida. «Pessoas com dispêndios energéticos médios regulares de 4 kcal por quilo (promovidos por atividades como dançar, andar de bicicleta a 16 km a hora ou caminhar a 5 km a hora) no mínimo, têm risco reduzido de sofrer mais de 20 tipos de cancro», revela o especialista.
«Os conselhos mencionados nestas páginas têm um caráter geral e indicativo. Os exercícios específicos dependem, em grande medida, das necessidades particulares, e no caso de exercícios complexos, é indicado o companhamento de um profissional do exercício», salvaguarda.
Quando passar à prática, «tente aumentar progressivamente o volume de atividade física diária, mas não fique preocupado por ter piores resultados em alguns dias. O que conta é o objetivo semanal. Por exemplo, se quer passar de 6.000 para 7.000 passos, a ideia é acumular 48.000 passos semanais, mesmo que uns dias tenham 6.000 e outros 8.000», refere ainda.
3 regras para um treino saudável e eficaz:
1. Frequência
«O treino de moderada a baixa intensidade pode ser realizado em dias consecutivos, já o treino com resistências adicionais ou o próprio peso e aeróbio de intensidade elevada requer um descanso mínimo de 48 horas para a musculatura exercitada. É importante lembrar que o descanso deve ser tão importante como o treino», refere Elvis Carnero.
2. Intensidade
«Durante o exercício aeróbio o controlo do batimento cardíaco é um bom meio para garantir a segurança e intensidade do treino. Existem equipamentos simples e baratos que permitem um controlo visual do batimento cardíaco, para além de outros dados como os passos ou movimentos realizados», diz o fisiologista do exercício.
3. Evolução
Tentar fazer tudo num dia, evoluir de forma brusca põe em risco o sucesso do treino e pode levar a lesões. Aumente gradualmente, recomenda Elvis Carnero. «Uma ideia prática e simples é aumentar 10% a 15% o volume de treino cada 15 dias. Por exemplo, passar de 20 minutos para 23 no treino de remo e de 40 para 44 no de corrida ou de 60 para 66 na caminhada do sábado, sem elevar a intensidade», recomenda.
Texto: Manuela Vasconcelos com Maria João Cardoso (coordenadora da Cirurgia da Mama da Unidade de Mama da Fundação Champalimaud e presidente do Mama Help), Steven Moore (investigador de epidemiologia oncológica no National Cancer Institute nos EUA) e Elvis Carnero (fisiologista do exercício e investigador no Translational Research Institute for Metabolism and Diabetes nos EUA)
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