A Mafalda foi um bebé muito desejado e faltavam dois meses quando Ana Figueiredo Forte soube, através de uma ecografia, que algo estava errado. «Não há certos nem errados, há diferenças, há percursos que não são lineares nem directos», defende.

A Mafalda nasceu com paralisia cerebral mas aos olhos da mãe era apenas o bebé por que esperou ansiosamente. Hoje, a Mafalda tem 12 anos, um sorriso e uma alegria absolutamente contagiantes.

Uma vontade de aprender, de partilhar, de viver e de desfrutar que ultrapassam qualquer diferença. Na escola é uma menina popular e já ninguém olha de maneira diferente para a sua cadeira de rodas. Ela é apenas a Mafalda e, ao longo destes 12 anos, também tem sabido ensinar os que a rodeiam e a sua própria mãe e família.

«Tenho dois filhos e com os dois aprendi a conjugar o verbo amar de forma diferente. Com a Mafalda aprendi sobretudo a ser uma melhor cidadã, mais vigilante, mais participativa, mais solidária», confessa. No entanto, Ana Figueiredo Forte não esconde que nem tudo é fácil: «Nada é simples porque a realidade da reabilitação, do sistema educativo, da saúde, etc, etc, é o maior obstáculo».

«Ter paralisia cerebral em Portugal é muito complicado. Só queria que
a minha filha não tivesse de ser um super-herói mas, de facto, é e um
super-herói muito bem disposto!», afirma com um sorriso.

A verdade é que o nascimento da Mafalda trouxe uma volta de 360º à
vida desta família mas que, com o passar dos anos, reencontrou o seu
caminho.

«Depois de 360º voltamos ao mesmo sítio de onde partimos. E é
verdade, por muitos percalços que encontremos no caminho, estamos sempre
no ponto de partida – ser Mãe!», refere Ana Figueiredo Forte.

«Não descobri em mim uma nova mãe, não há
diferenças nenhumas em relação ao meu outro filho. Mas como cidadã sou
diferente, isso sem dúvida», reconhece. E é nesse sentido que partilha a sua experiência e deixa o seu
conselho. «Devemos exigir e lutar pelos direitos dos nossos filhos», sugere.

Texto: Ana Mendonça da Fonseca