A presença deste material de construção, cuja utilização está proibida em território nacional desde 2005, tem sido associada a casos de cancro.

Amianto, também conhecido por asbesto, designa «uma família de fibras minerais caracterizadas por flexibilidade e elevada resistência química, térmica, elétrica e à tração», explica Mariana Neto, médica de saúde pública e do trabalho.

Este material foi usado em larga escala pela construção civil e naval, a indústria automóvel, centrais e sub-estações elétricas ou o vestuário industrial anti-fogo, mas torradeiras ou radiadores também podem contê-lo. A via respiratória é a forma mais frequente de contacto da fibra com o organismo, podendo atingi-lo em «qualquer parte e lesar as membranas que envolvem os órgãos», adverte a especialista.

Quais os riscos efetivos?

Existem patologias associadas ao contacto direto com o amianto, como a «fibrose intersticial do pulmão, alterações benignas da pleura, tumor benigno e maligno das serosas, tumor dos brônquios e pulmão, bem como outros tipos de patologias pulmonares», revela Mariana Neto. Segundo a especialista, «nem todos os edifícios com amianto constituem perigo imediato para a saúde, dependendo do seu estado de conservação e do material aplicado».

No caso do contacto indireto, «o risco principal não está tanto relacionado com o facto de as pessoas residirem ou trabalharem nestas instalações, salvo se estiverem degradadas, mas decorre de acidentes ou intervenções intempestivas executadas por pessoal não preparado e que não adote as medidas de proteção adequadas. O risco neste caso aumenta tanto para operadores como para residentes», garante a especialista.

Os sintomas que deve ter em conta

As manifestações da exposição ao amianto «surgem, em média, 30 a 40 anos depois», mas «a suscetibilidade individual pode ditar períodos muito mais curtos», alerta Mariana Neto. Estas patologias têm uma evolução lenta e, por isso, confundem-se, muitas vezes, com as associadas ao envelhecimento, como é o caso da diminuição da capacidade respiratória e das doenças tumorais.

Cuidados a ter em edifícios com amianto

A utilização do amianto foi proibida em 2005 pela lei portuguesa e pela legislação europeia. Por isso, os edifícios construídos ou intervencionados antes desta data têm uma probabilidade acrescida de o conter. Os moradores ou trabalhadores destes prédios devem:

- Ter cuidado com a manutenção e com as atividades de bricolage.

- Ter atenção às operações regulares de manutenção.

- Proceder a avaliações cuidadosas antes de qualquer intervenção (por exemplo, instalação elétrica).

- Se o amianto não estiver em bom estado, assegurar que os profissionais que o removem são certificados.

Texto: Catarina Caldeira Baguinho com Mariana Neto (médica de saúde pública e do trabalho no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge em Lisboa)