O amianto ou asbesto é uma fibra mineral abundante na natureza que tem sido utilizada pelo homem desde o início da civilização. São fibras com grande resistência ao fogo e à abrasão mecânica e química.
A primeira descrição de doenças relacionadas com exposição a esta fibra remonta ao início do século passado, destacando-se doenças e sintomas pleuro-pulmonares como derrame pleural, espessamento pleural difuso, atelectasia redonda, asbestose, cancro do pulmão e mesotelioma maligno (cancro da pleura).
Quanto maior for o tempo de exposição às fibras de amianto, maior é o risco de doença. Os operários que trabalham prolongadamente com amianto, sem proteção adequada, por exemplo, correm alto risco de contraírem uma doença relacionada com essa exposição.
Apesar dos sintomas das doenças surgirem passados cerca de 20 a 50 anos após a exposição, atualmente a comunidade científica considera que todas as variedades de amianto (fibras minerais) são agentes cancerígenos.
Como surge a doença?
As doenças relacionadas com o amianto surgem por inalação das fibras de amianto que aderem profundamente ao tecido pulmonar provocando cicatrizes (fibrose) que o corpo tenta reparar. Com o tempo, estas alterações tornam-se mais extensas e têm graves consequências na função pulmonar.
Os sinais e sintomas da asbestose surgem gradualmente à medida que as cicatrizes nos pulmões vão ficando maiores e eles vão perdendo a sua elasticidade normal. Aparecem, então, dispneia e diminuição da capacidade para os exercícios, gradualmente maior, tosse e sibilos.
A asbestose pode também produzir o espessamento dos dois folhetos da pleura. Pode aparecer também líquido na cavidade pleural (espaço entre as duas camadas da pleura) ou, mais raramente, após exposições muito duradouras, tumores na pleura.
O cancro do pulmão está, em parte, relacionado à exposição prolongada e em alto grau às fibras de amianto.
O diagnóstico da asbestose ou outras doenças relacionadas com o amianto começam sobretudo por uma história clínica e exame objetivo detalhado, podendo-se encontrar alterações na auscultação pulmonar do doente que poderão indiciar alterações relacionadas com o asbesto.
O raio X torácico e a TAC pulmonar apresentam alterações mais típicas da exposição ao amianto, com fibrose do pulmão, placas pleurais e derrame pleural, podendo ser necessário remover parte do líquido para análise e diagnostico de um mesotelioma.
O melhor tratamento passa por evitar e diminuir ao máximo possível a exposição ao pó de amianto. Os trabalhadores que tenham de estar expostos, por motivos profissionais, ao pó do amianto devem utilizar equipamentos de proteção adequados. A associação de tabagismo e exposição ao amianto potencia muito o desenvolvimento de um cancro do pulmão.
Um artigo do médico Vítor Oliveira Fonseca, coordenador do Serviço de Pneumologia do Hospital de Cascais.
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