Portugal é o país europeu e o segundo do mundo com maior taxa de depressão na ordem dos 25%. Vários estudos afirmam que em 2020, a depressão será a 2ª causa de morte logo a seguir das patologias cardíacas. Dois terços das pessoas que se suicidam sofrem de depressão na altura da sua morte e Portugal é o terceiro país europeu onde o suicídio mais aumentou nos últimos quinze anos (5 por dia).

Na maior parte das vezes, a depressão tem na sua base uma vivência de abandono ou perda, que face a um determinado acontecimento de vida, ativa crenças de incapacidade, falha, culpabilidade invadindo o funcionamento relacional, profissional e social de quem a sofre e aniquilando uma vivência tranquila do aqui e agora. Parafraseando o Professor António Coimbra de Matos “nada ou pouco interessa no presente real e pouco ou nada é imaginado como bom ou apetecível no amanhã”.

Em termos globais, a depressão é uma Perturbação do Humor caracterizada por uma tristeza desadaptada, intensa, prolongada e perturbadora, ausência de prazer e interesse, pessimismo, isolamento, ruminação, falta de energia, insónia, perda de apetite ou irritabilidade que podem escalar até doenças psicossomáticas, sintomas psicóticos e impulsos suicidas durante semanas, meses ou anos. Podemos distinguir dois grandes tipos: a depressão major caracterizada pela presença de cinco ou mais sintomas durante duas ou mais semanas e a distimia onde sintomas depressivos de baixa intensidade que persistem dois ou mais anos.

Existem vários fatores de risco (neuro químicos, hormonais, genéticos, etc.) que face a uma situação de perda ou abandono podem vulnerabilizar e possibilitar o surgimento de um quadro depressivo, entre outros.

A depressão tem tratamento

Preferencialmente antes da instalação da depressão devemos todos adoptar um estilo de vida antidepressivo: Dieta equilibrada, com alimentos ricos em vitaminas do complexo B (cereais, verduras, feijão, frango e ovos), C (citrinos e vegetais) e Ômega 3 (peixes gordos); exposição solar (vitamina D); dormir 8 horas por dia; 30 minutos de atividade física diária

A lentificação, a falta de prazer e a temática da morte, tantas vezes presente, quer em pensamentos quer em ação poderão constituir grandes dificuldades face à tristeza patológica. É natural sentir compaixão, e por vezes, um impulso de tirar a pessoa do seu “buraco negro”, que deveremos refrear. A validação e a empatia assumem aqui um papel fundamental. Deveremos “olhar” para a sua história na sua perspetiva, sem julgamento, reconhecendo o seu sofrimento, e mostrando que estaremos ao seu lado, sem pressa para mudar. Só assim, este poderá reescrevê-la, aceitá-la e, mais tarde, implementar as mudanças necessárias para recuperar o contacto consigo e com o mundo. Qualquer ganho, por mais pequeno que seja, como por exemplo, ficar na cama 14 horas por dia em vez das 15 horas deverá ser reforçado.

Está cientificamente provada a eficácia da psicoterapia, existindo várias abordagens possíveis (Terapia Cognitivo-Comportamental, Terapia Focada nas Emoções, EMDR, Terapia Existencial, Mindfulness, entre outras) em casos mais graves articulados com psiquiatria.

Não tenha vergonha de pedir ajuda. A depressão é um problema internacional de saúde pública que pode levar a um risco de vida.

Catarina Barra Vaz
Psicóloga Clínica
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