É um dos males mais comuns dos dias que correm e não poupa ninguém. A depressão surge, normalmente, por influência de múltiplos fatores familiares, sociais e ambientais, como perda de entes queridos, problemas familiares ou financeiros, transição para a reforma, mudança indesejada de casa. Em Portugal, Mais de um terço das mulheres com mais de 80 anos e cerca de 33% dos homens acima desta idade sofrem com esta doença.

A medicação para doenças crónicas, como a diabetes e cancro, por exemplo, pode contribuir para essa situação e, em idades avançadas, os estados depressivos podem mesmo ter origem nas alterações cerebrais decorrentes do envelhecimento, como alerta Maria João Quintela, médica gerontóloga, consultora, presidente da Associação Portuguesa de Psicogerontologia e vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia.

Aumento do número de casos de depressão preocupa especialista português. "Mais de metade não são tratados"
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"Ainda se mantêm muitos estereótipos negativos face ao envelhecimento", criticou a especialista numa iniciativa pública. "Não chega ter o rótulo de uma doença ou de uma incapacidade, isso é muito pouco. É necessário um diagnóstico personalizado", defende mesmo Maria João Quintela.

"A pior coisa que nos pode acontecer é sermos tratados por igual. Não há duas pessoas de 70 anos iguais em parte nenhuma do mundo, por muito que as estatísticas muitas vezes nos reduzam a maiores de 65 [anos]", critica ainda a especialista.

"Somos todos diferentes e é muito importante que não perdamos a nossa individualidade", sublinha. "A idade é um dos fatores [para a depressão] mas não é o único dos fatores", refere Maria João Quintela, defensora da adoção de estratégias de envelhecimento ativo. "Dá um trabalhão estar vivo mas nem pensar em ficar quieto", aconselha a gerontóloga. "As pessoas preferem tomar antibióticos do que andar 10 minutos a pé", critica.

Além de passar menos horas em frente à televisão, outro dos hábitos que a especialista condena, faça regularmente uma autoavaliação. Consulte o seu médico de família, um psicólogo ou um psiquiatra se, por mais de duas semanas, sentir algum dos sintomas que se seguem:

- Nervosismo e irritabilidade

- Tristeza

- O sentimentos de que a vida não vale a pena ou de não poder continuar mais

- Cansaço ou perda de interesse por atividades que habitualmente fazia com prazer

- Perturbações do sono ou alimentação

- Dores de cabeça, de estômago, azia ou outras que persistem aos tratamentos que faz habitualmente

- Dificuldades de concentração e/ou de tomada de decisões

- Alterações da memória

- Pensamentos sobre a morte ou tentativa de se magoar intencionalmente