Torna-se essencial, à mulher consciente do seu corpo, conhecer o seu ciclo menstrual e compreender o impacto das hormonas no seu cérebro, pois os efeitos fazem-se sentir diretamente nos nossos níveis de energia e disponibilidade e na forma como agimos, como pensamos e como gerimos emoções.
Claro está que o livre arbítrio de cada uma se sobrepõe a qualquer cocktail hormonal mas conhecer o processo permite cooperar com o corpo e respeitá-lo, afastando situações de tensão interna e contribuindo para uma vida mais harmoniosa nas diferentes esferas da nossa vida.
Podemos dizer que o ciclo menstrual se compõe de dois processos-chave: a ovulação e a preparação do útero para receber o ovo.
Na fase pré-ovulatória e na ovulação, explicando de forma muito simplista, temos os nossos níveis de estrogénio em alta, o que se traduz numa elevada capacidade de comunicação, maior assertividade e disponibilidade para actividades intelectuais e físicas.
A progesterona, presente na fase pós-ovulatória e em toda a pré-menstrual, abranda a nossa capacidade psico-motora pois é a hormona da introspeção, do pensamento abstracto e da sensibilidade.
Isto resulta em comportamentos distintos: ou bem que nos apetece sair, falar, estar com amigos, divertirmo-nos e conquistar este mundo, o outro e Marte ainda; ou bem que nos fechamos num casulo porque tudo nos sensibiliza, ou porque precisamos de mais silêncio, ou de estar só ou de abrandar o ritmo do dia-a-dia.
Às adultas de hoje foi dito que a menstruação não tem de ser desculpa para nada e que é apenas uma mecânica fisiológica como qualquer outra… Por isto, não reconhecemos como legítima esta volatilidade e queremos a todo o custo permanecer “iguais” durante todo o ciclo.
A tensão que nasce deste conflito interno, entre o que queremos e o que precisamos, dá-se a conhecer na semana prévia à menstruação; esta, por ser a face visível de todo o processo continua a ser interpretada como um aborrecimento que, para cúmulo, nos debilita e nos fragiliza porque ns faz parecer inconstantes e instáveis.
Devemos trabalhar no sentido de compreender cada fase e aceitar estas correntes de energia distinta, que comutam em nós a cada mês, como duas faces de uma moeda. Uma fase valida a outra. Um mesmo assunto ou problema pode ser olhado com outros olhos, permitindo novas perspetivas ou interpretações, quando nos damos o tempo de o analisar durante um ciclo.
Quando entendida e respeitada, esta dinâmica pendular devolve-nos uma sensação inequívoca de inteireza e de integridade bem como um retrato fiel do que somos enquanto pessoas.
Portanto, se faz parte do grupo de mulheres que se achava bipolar ou inconstante, anime-se: não somos doidas, somos cíclicas! E se fossemos homens venderíamos isto como algo de extraordinário potencial: a capacidade de, a cada mês, ter uma visão 360º sobre nós, sobre o outro e sobre a vida.
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Patrícia Lemos
Hipnoterapeuta e Educadora Menstrual
www.patricia-lemos.com
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