Em 2004, o Hospital de Neurologia e Neurocirurgia de Londres confirmou, num estudo randomizado, a maior eficácia da mucuna pruriens no tratamento da doença de Parkinson relativamente ao fármaco usualmente utilizado nesta patologia, o L-dopa. Segundo um estudo publicado na altura pelo Journal of Neurology, Neurosurgery and Psychiatry, esta planta medicinal demorou metade do tempo a fazer efeito, 34,6 minutos versus 68,5 minutos.

Para além disso, esta variedade de feijão originou menos flutuações nas concentrações plasmáticas de dopamina, que foram 110% mais elevadas. De acordo com uma outra investigação, de 2010, do Departamento de Neurologia da Universidade de Medicina da Pensilvânia, nos Estados Unidos da América, esta planta não tem os efeitos secundários do fármaco L-dopa, como a disquinesia, na origem de movimentos involuntários.

Neste intervalos, foram muitos os especialistas que a recomendaram aos seus pacientes. Suportados por um estudo de 2014 que demonstrou a sua eficiência na prevenção da depressão em ratos, nos últimos anos foram muitos os que defenderam a sua ingestão em fármacos e suplementos para combater estados depressivos em humanos. Além de aumentar os níveis de serotonina, a hormona da felicidade, também potencia os de adrenalina.

Os extratos desta planta corrigem as deficiências de dopamina, um neurotransmissor que tem um papel decisivo na regulação dos estados de espírito, combatendo problemas como a falta de motivação, dificuldades de concentração, perda de apetite e até tendências suicidas. Para além disso, reduz o stresse oxidativo, combatendo os radicais livres, que integram ácidos que podem servir de catalisadores em pessoas com estados depressivos.

Princípios ativos da mucuna pruriens

Um dos principais é a levodopa, um percursor da dopamina, a principal molécula utilizada no tratamento da doença de Parkinson, a par do 5-HTP, um aminoácido precursor do neurotransmissor serotonina, com ação antidepressiva. Esta planta com propriedades medicinais também contém nicotina, um auxiliar no tratamento da adição ao tabaco, um problema que afeta milhões de pessoas em todo o mundo.

Principais propriedades

A mucuna pruriens é utilizada no tratamento da doença de Parkinson, porque aumenta a produção no cérebro de dopamina, um neurotransmissor em carência nestes pacientes. Tem também uma ação antioxidante, com um efeito neuroprotetor e neuroregenerador, independentemente do seu efeito neuroestimulante ao nível da dopamina, muito útil no tratamento da depressão.

Muitos especialistas recomendam o seu consumo juntamente com plantas que aumentem a serotonina, como é o caso do hipericão ou ainda da grifónia, uma planta muito rica em 5-HTP. Para além disso, a mucuna pruriens também reduz os níveis de ansiedade e de stresse, como comprovaram várias investigações internacionais desenvolvidas nos últimos anos. Alguns também a recomendam para o tratamento da diabetes.

Outras indicações

O consumo de mucuna pruriens está indicado para o tratamento do tabagismo, como alternativa aos pensos de nicotina, podendo ser conjugada com acupuntura e com a planta kudzu. Esta planta aumenta ainda os níveis de testosterona, sendo importante na infertilidade masculina porque aumenta o número, quantidade e mobilidade dos espermatozóides. É ainda um afrodisíaco em ambos os sexos, porque aumenta a dopamina.

Além disso, regula o eixo hipotálamo/gónadas e aumenta a fixação de proteínas nos músculos, promovendo melhores resultados nos exercícios direcionados ao aumento da massa muscular. Simultâneamente, potencia a sensação de bem-estar que a prática de atividade física habitualmente gera.

Administração

A mucuna pruriens dá origem a um feijão, sendo consumida como as outras leguminosas em várias partes do mundo. Em Portugal, continua, contudo, a não figurar nos hábitos alimentares dos portugueses. Os extratos secos, a forma mais fácil de a encontrar, podem ser utilizados de 500 miligramas a 2 gramas por dia e, consoante os resultados, aumentar-se ou não a dosagem máxima. Em alguns estudos, esta dose atinge os 30 gramas diários.

Sugestão nutritiva

Prepare uma salada de bem-estar. Como o feijão da mucuna pruriens não está à venda em Portugal, faça uma salada com feijão branco, também ele um forte indutor de serotonina e dopamina. Junte-lhe sementes de sésamo, nozes e rodelas de tomate e pepino, dois poderosos vegetais antioxidantes. Tempere, de seguida, com molho de soja e saboreie a salada, mastigando bem e calmamente. Além de mais calmo, sentir-se-à também mais relaxado.