Calcula-se que, no fim desta década, até dezembro de 2019, cerca de um terço da população mundial, estimada em 2,5 mil milhões de pessoas, seja míope. Um estudo divulgado pela revista Nature no primeiro semestre de 2017 indica que a miopia afeta cerca de metade dos jovens adultos dos Estados Unidos da América (EUA) e da Europa, o dobro dos valores de há 50 anos. Em Portugal, a doença atinge cerca de 25 por cento da população.
O problema denuncia-se pela «dificuldade de visão ao longe, como quando a criança ou jovem se aproxima muito do ecrã da televisão ou dos objetos, por exemplo, na leitura, para ver melhor», descreve Manuel Monteiro Grillo, presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. «A miopia axial é a mais frequente e pertinente neste momento», revela.
«Trata-se de um aumento da dimensão do globo ocular, nomeadamente do seu eixo antero-posterior, levando a que as imagens se foquem num ponto à frente da retina, ficando, assim, desfocadas», explica o especialista. Em casos mais severos, esta deformação estica e torna mais fina a parte interior do olho, aumentando o risco de descolamento da retina, cataratas, glaucoma e de cegueira.
«Os hábitos de vida podem influenciar o seu aparecimento e progressão, nomeadamente a fixação da visão ao perto por longos períodos, em, por exemplo, dispositivos electrónicos», refere o especialista. Veja também a galeria de imagens que lhe apresenta várias plantas que combatem inflamações oculares.
A origem do problema
Estudos recentes apontam o facto de as crianças passarem muito tempo em espaços fechados, e não ao ar livre, e o aumento do uso de dispositivos eletrónicos como as principais causas para o aumento da incidência de miopia. Uma vez que o olho cresce durante a infância, a miopia desenvolve-se em crianças em idade escolar e adolescentes. A luz estimula na retina a libertação de dopamina, um neurotransmissor que bloqueia o alongamento do olho durante o desenvolvimento.
A dopamina é produzida durante o dia, sendo esta a substância que diz ao olho que deve passar do modo de visão noturna para a diurna. A luz mais escura, em espaços fechados, quebra o ciclo normal do olho, tendo consequências negativas no seu crescimento. «A miopia pode ter fatores genéticos envolvidos», afirma Manuel Monteiro Grillo.
«Encontramos frequentemente famílias em que a miopia é muito comum. Uma possibilidade será tentar modificar os aspetos genéticos que determinam o seu aparecimento. Poderá, a longo prazo, aparecer alguma forma de evitar o aparecimento da doença mas, neste momento, nada o indica», afiança o especialista.
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O imperativo de corrigir a miopia
O problema tem solução. «Pode recorrer-se à cirurgia para correção da miopia. Normalmente não é comparticipada, exceto em casos especiais», adverte, todavia, o presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. «Mas nunca antes de esta ser considerada estabilizada, o que acontece por volta dos 20 anos. O olho continua a ser míope, mas modificando, por exemplo, o poder dióptrico da córnea, é possível anular a miopia artificialmente», diz.
O que fazer para proteger os seus olhos
Prevenir é o melhor remédio. «Não há como evitar o aparecimento da miopia, mas a evolução poderá ser mais benigna se modificarmos o estilo de vida», indica o presidente da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia. Passe mais tempo ao ar livre. É importante expor a visão à luz solar. Inclua também na sua alimentação nutrientes fundamentais na prevenção de doenças oculares.
A luteína e o zinco (presentes nos ovos), a vitamina C (disponível nos frutos vermelhos e nos citrinos) e os ácidos gordos (existentes nos peixes) são ingredientes recomendados por Manuel Monteiro Grillo. Evite ainda o excesso de leitura próxima. Faça pausas com frequência, adotando a regra dos 20. «20 minutos de leitura, seguidos de 20 segundos de pausa, olhando para longe, a um mínimo 20 pés [seis metros]», aconselha o especialista.
Sentado à secretária, adote uma posição confortável, com o ecrã cerca de 10 a 15 graus abaixo da linha dos olhos. Consulte ainda um médico oftalmologista. Os rastreios nas crianças e nos jovens, grupos em que a miopia tem maior tendência para avançar, devem ser feitos anualmente ou, caso haja sinais de progressão, com maior frequência.
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