A malária ou paludismo é a doença tropical de maior importância e a segunda doença infecciosa mais mortal, imediatamente a seguir à tuberculose.
Em muitas regiões tropicais, e especialmente em África, é responsável por uma elevada mortalidade e morbilidade.
Sem profilaxia, o risco é mais elevado quando o destino da viagem se situa nos países da África Sub-Sahariana e Oceania, intermédio quando o destino fica situado no sul da Ásia e relativamente baixo nos países da América do Sul e do sudeste Asiático. Para além da geografia, áreas urbanas ou rurais e actividades a desenvolver pelo viajante, factores como a época do ano e a altitude do local de destino (a transmissão é rara acima dos 2000 metros) influenciam o risco de transmissão.
Os perigos de transmissão
A malária é provocada por parasitas do género Plasmodium. Quatro espécies podem provocar a doença no homem, mas a mais importante é Plasmodium falciparum, capaz de causar os quadros clínicos de maior gravidade e mortalidade. No entanto, é uma doença curável se for rapidamente diagnosticada e tratada.
Embora possa ser transmitida, muito raramente, por via transfusional, trans-placentária, durante a partilha de seringas ou em acidentes de laboratório, a sua transmissão faz-se principalmente pela picada de fêmeas de mosquitos Anopheles. A malária assume um aspecto sazonal, coincidindo com a estação das chuvas que fornece água para o desenvolvimento do mosquito, assim como o calor e a humidade necessários à sua sobrevivência. O Anopheles fêmea prefere picar durante o crepúsculo, noite e amanhecer.
Os sintomas que exigem cuidados
O acesso simples de malária começa por febre, por vezes, acompanhada por calafrios. Quando a febre baixa, surge uma sensação de calor intenso e sudorese profusa. Estes sintomas são acompanhados de dores de cabeça intensas, falta de força, de apetite, dores musculares e articulares.
Nas crianças são frequentes náuseas, vómitos e diarreia. A febre é o sintoma mais importante. Existem casos que afectam o sistema nervoso central (a malária cerebral) e falências multiorgânicas, incluindo quadros respiratórios, renais e metabólicos.
A anemia severa e hipoglicémia complicam os quadros clínicos graves que requerem um diagnóstico rápido e um tratamento eficaz para evitar a morte.
Como prevenir
Esta engloba um conjunto de medidas que protejam o indivíduo da infecção e/ou do desenvolvimento da doença. A protecção contra a infecção contempla medidas como o uso de roupas compridas e largas, repelente de insectos, redes mosquiteiras impregnadas, fumigações com insecticidas ou tratamento do terreno para controlar a transmissão.
A protecção contra o desenvolvimento da doença no indivíduo infectado é feita através de profilaxia com alguns medicamentos antimaláricos, que devem ser sempre receitados pelo médico, numa consulta de Medicina do Viajante. A profilaxia antimalárica inicia-se na semana anterior à viagem, mantém-se durante toda a estadia e termina no fim da quarta semana após o regresso.
Veja na página seguinte: O período mínimo de incubação da doença
A eficácia da profilaxia
A profilaxia antimalárica não impede a doença mas impede as suas formas graves.
Como o período mínimo de incubação da doença é de cerca de oito dias, viajantes com apenas uma semana de estadia não irão adoecer com malária durante a viagem, mas sim após o regresso.
Quem permanecer mais de uma semana nas áreas de risco deve saber que há a possibilidade de poder ter malária e recorrer aos cuidados médicos para o seu diagnóstico e tratamento. Os viajantes com estadia em área endémica de malária, tenham ou não feito profilaxia antimalárica, devem recorrer ao médico caso tenham sintomatologia compatível, nos seis meses após o regresso.
Cuidados redobrados
Não existem medidas 100 por cento eficazes para a prevenção desta doença. Pode ser tratada de forma eficaz no seu início, mas os atrasos podem ser graves ou mesmo fatais. Os viajantes devem procurar observação médica imediata se tiverem febre durante o período de viagem ou após a visita a uma área de malária.
Se houver um correcto diagnóstico e tratamento a pessoa nunca mais terá a infecção, a menos que volte a ser picada por um Anopheles infectado com o parasita da malária. A malária não se transmite com a ingestão de águas ou alimentos contaminados, nem de pessoa a pessoa. O efeito protector do medicamento termina pouco tempo depois da última toma.
Texto: Jorge Atouguia
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