Desde os primórdios da história que a intoxicação por metais pesados já era famosa pelos inúmeros casos de assassínio que lhe estavam associados. Muitos deles foram mesmo imortalizados na literatura e no cinema.
Um exemplo clássico é a morte de Napoleão Bonaparte por envenenamento, comprovada pelo excesso de arsénio presente no seu cabelo.
Mas, no dia a dia, estamos rodeados por produtos ricos em elementos metálicos que, silenciosamente, podem ser extremamente prejudiciais para a saúde. A hipersensibilidade a metais é um processo ainda pouco elucidado pela ciência e desencadeada quando o indivíduo, possivelmente devido a uma predisposição genética, entra em contacto com um material que contenha vestígios metálicos de alumínio (Al), chumbo (Pb), mercúrio (Hg), níquel (Ni), entre outros.
Essa reação acontece quando os metais pesados penetram no organismo e são reconhecidos como estranhos pelo sistema imunitário, estimulando a produção de anticorpos específicos. O complexo formado por anticorpos e metais pode ser depositado na bainha de mielina das fibras nervosas e afetar o cérebro.
Casos típicos estão relacionados com o autismo, neuropatias ou esclerose múltipla. Além das irritações alérgicas clássicas da pele, a intoxicação por metais pesados pode ser responsável também por casos graves de fadiga crónica, doença de Parkinson, deficit de atenção, atraso cognitivo e hiperatividade.
As manifestações podem provocar vómitos, diarreia, ansiedade, anorexia, enjoo, insuficiência renal (arsénio, cobre, chumbo) e icterícia (antimónio, bismuto, crómio). As principais fontes prejudiciais são os utensílios de cozinha de alumínio, amálgamas dentárias, dispositivos intrauterinos (DIU), próteses metálicas, inseticidas, tintas (tatuagens), piercings, vinhos, água, mariscos, peixes, tabacos e outros (alumínio, mercúrio, cádmio, cobre).
A intoxicação por mercúrio é uma das mais graves, pois esse metal pode atingir o cérebro rapidamente ao passar da mãe para o bebé através da placenta ou estar presente num conservante das vacinas ou gotas nasais. A consequência é a influência no desenvolvimento ou agravamento do autismo. Neste caso, é imprescindível recorrer a vacinas ou produtos que não contenham tais elementos.
Para se detetar e distinguir a hipersensibilidade e/ou intoxicação, existe o teste MELISA e o Mineralograma (análise dos elementos no cabelo). Uma vez verificado, é possível recorrer a um método de desintoxicação, denominado terapia de quelação, em que pequenas moléculas se ligam aos metais tóxicos para sequestrá-los e eliminá-los.
O termo quelar significa varrer ou limpar. O processo de quelação pode ser feito através de infusões venosas e tratamentos por via oral ou retal e utiliza como princípio ativo o EDTA para o alumínio, DMSA e DMPS para o mercúrio, arsénio e alumínio, DFO para o alumínio e ferro livre, D-Penicillamina para o cobre (doença de Wilson) e o NDF, originário dos alimentos integrais e crus, usado nos casos de autismo. As vitaminas C e E, assim como o chitosan, chorella e os minerais magnésio e selénio também funcionam como queladores. Fique atenta!
Texto: Roni Moya (biomédico especialista em biologia celular e molecular)
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