O herpes labial é uma infecção causada pelo vírus herpes simplex que resulta em lesões dolorosas em zonas como os lábios, gengivas, língua, céu da boca e no interior das bochechas.
Existem dois tipos de vírus: o HSV1 é responsável por cerca de 80 por cento dos casos de lesões da face e lábios, enquanto que o HSV2 está maioritariamente relacionado com o herpes genital. Porém, ambos os vírus podem afectar as regiões características do outro ou mesmo outras zonas do corpo como as nádegas, os pés e as mãos.
Segundo Miguel Trincheiras, dermatologista, «o herpes labial é mais comum nas faixas etárias mais jovens, entre os 15 e os 40 anos», mas ninguém está a salvo de ser afectado por este vírus.
Transmissão e formas de prevenção
A transmissão do HSV, como explica Miguel Trincheiras, «dá-se de forma directa, através do contacto com a pele infectada ou através do contacto com superfícies onde o vírus esteja depositado, como por exemplo em copos, talheres, sanita.»
Prevenir o herpes labial é muito difícil, mas existem alguns cuidados que podem ajudar, nomeadamente, evitar o contacto directo com saliva, pele ou mucosas que têm feridas e com superfícies/zonas onde suspeite que o vírus possa ter sido depositado (por exemplo, sanitas, copos).
Como o vento, o frio e o sol também poderão ajudar a desencadear novos surtos, proteja-se ao máximo destes elementos. Reforce os cuidados de higiene, mantendo as suas mãos sempre limpas.
Sintomas
Quando se contrai o vírus, os sintomas podem demorar alguns dias a aparecer. É aquilo a que se chama o período de incubação.
Para além da dor, o herpes labial denuncia-se através de um formigueiro ou prurido (comichão) no local da infecção, mesmo antes das lesões surgirem. Estes sintomas podem ainda ser acompanhados de febre, cansaço e dores musculares.
De seguida, formam-se vesículas em redor da boca que rompem e formas pequenas ulcerações (tipo afta nas mucosas e com crosta na pele) e acabam por cicatrizar ao fim de alguns dias (cerca de cinco a sete dias nos episódios de recidiva, mas até 15 dias numa primeira infecção).
Após a infecção, «a secura labial e a descamação são efeitos que podem ser compensados e minimizados com bons cremes hidratantes», aconselha Miguel Trincheiras.
Recorrência
De acordo com o dermatologista, para além do vírus ser altamente contagioso e da maioria das pessoas já ter sido infectada, o «organismo nunca o elimina definitivamente, ficando em estado de latência, como que adormecido, nas raízes dorsais dos nervos periféricos».
«Sempre que o sistema imunitário sofre uma quebra (devido a factores como doença febril, situações de stress, exposição solar ou ciclo menstrual, no caso da mulher), o vírus pode reactivar-se», explica o especialista, ou seja, volta a replicar-se, deslocando-se pelas células nervosas até à pele e dando origem a um novo surto herpético.
O dermatologista esclarece, contudo, que a manifestação e frequência de recorrência do vírus varia muito caso a caso. «Há pessoas que tem uma infecção que depois não se volta a manifestar e há ainda casos cuja primeira infecção passa despercebida», refere.
Tratamentos
Tal como noutra situação, o tratamento deve ser ajustado a cada caso. Quando as crises ocorrem com muita frequência (está concretamente definido que assim é quando a sua frequência é superior a seis crises por ano, isto é, quando ocorre uma crise de dois em dois meses ou mais), «deverá ser feita uma terapêutica supressiva que consiste na toma de um antiviral (aciclovir ou valaciclovir) de forma continuada com o objectivo de inibir o vírus», esclarece Miguel Trincheiras.
«No caso dos surtos herpéticos que ocorrerem com menor frequência, deverá ser feita a mesma terapêutica que deve ser iniciada precocemente, de forma a “abortar” os surtos mais rapidamente», acrescenta o especialista.
A nível local (zona da lesão), Miguel Trincheiras aconselha que «só devem ser aplicadas soluções inertes como sulfato de zinco ou éter».
O especialista alerta ainda para o facto de ser um erro recorrer quer a cremes de farmácia quer a soluções caseiras: «As pessoas estão mal informadas e muitas tomam medidas como aplicar vinagre e álcool directamente nas lesões, mas isso não é uma boa opção e pode mesmo piorar o caso», explica.
Texto: Fabiana Bravo com Miguel Trincheiras (dermatologista)
A responsabilidade editorial e científica desta informação é da revista
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