Quando aparecem são um tormento e o pior é que têm tendência para reaparecer.
Quem já passou por esta situação sabe bem como estas «ulcerações aftosas» podem ser dolorosas.Provocam uma sensação de ardor, têm um aspecto branco-amarelado, profundidade e contorno avermelhado e atacam a mucosa bucal sem piedade.
A única boa notícia é que tendem a desaparecer ao fim de uma a duas semanas. «Se, no entanto, uma pessoa sofre de aftas recorrentemente», adverte Miguel Stanley, médico dentista, «deve procurar o seu dentista para obter um diagnóstico mais exacto».
Os tipos de aftas
Estas pequenas úlceras que ocorrem na mucosa bucal não são todas iguais. Dividem-se, essencialmente, em três classes clínicas. A mais comum é a minor, que representa cerca de 80 por cento dos casos e se traduz no aparecimento de várias aftas de pequena dimensão, espalhadas pela boca.
A major é a forma mais grave, uma vez que as úlceras têm uma maior dimensão, apesar de só aparecerem uma ou duas simultaneamente. E, por fim, as herpetiformes, semelhantes às lesões provocadas pelo herpes mas que não têm, contudo, relação com esta doença. Estas podem ocorrer na boca e/ou nos lábios e surgem associadas em grupo.
As causas
A origem deste problema é variadíssima, por isso, é importante fazer um diagnóstico exaustivo, que vá eliminando possibilidades. «As causas mais comuns são carências vitamínicas do complexo B, alergias a determinados medicamentos ou alimentos, alterações hormonais (decorrentes da puberdade ou da gravidez) e factores genéticos (onde se incluem as doenças auto-imunes como o lúpus)», enumera Miguel Stanley, acrescentando que «também podem aparecer simplesmente como consequência de um traumatismo da mucosa, como quando nos trincamos ou nos magoamos com um alimento ou com a escova de dentes». Em certas pessoas, o próprio stress pode despoletar «crises» de aftas.
Em alerta
Se as aftas são algo recorrente na sua vida, deverá ter algumas precauções. Antes de mais, é importante ter uma dieta equilibrada, de forma a evitar carências alimentares.
«Como, por vezes, o problema pode ter origem na carência de vitaminas do complexo B, convém tomar suplementos vitamínicos diariamente», refere Miguel Stanley.
Determinados alimentos, devido à sua acidez, propiciam o aparecimento destas úlceras, como o ananás e o limão. «As nozes são também um alimento muitas vezes relacionado com o aparecimento de aftas», exemplifica. Contudo, se a causa destas está relacionada com uma alergia alimentar, a única forma de saber exactamente quais os alimentos a evitar é realizar um exame.
As aftas podem ainda ser provocadas pela existência de dentes mal tratados ou cáries. A solução, nestes casos, «passará por resolver os problemas existentes, como cáries. Aqui a prioridade é tratar a boca e não as aftas», salienta o médico dentista.
Como tratar
Os tratamentos possíveis incidem apenas ao nível dos sintomas. «Tentamos eliminá-los», confirma o especialista. «São importantes os bochechos regulares com um anti-séptico, como a clorohexidina. Existem vários produtos deste tipo, sob a forma de gel, gotas e comprimidos que se colam às aftas», exemplifica.
A nível medicamentoso, os corticóides – anti-inflamatórios com uma acção local – podem ser usados, assim como a betametasona e o clobetazol, todos eles mediante prescrição médica. Mas uma afta pode esconder outros problemas.
«Aquilo que, no início, aparenta ser uma simples afta pode revelar-se algo mais grave», alerta o especialista. «Assim, se a afta persiste por mais de 14 dias, apesar dos tratamentos sintomáticos já enumerados, deve consultar um dentista que fará um diagnóstico diferencial». O procedimento passa por uma biópsia que será enviada para um laboratório de anatomia patológica.
Sabia que
As aftas, ao contrário das lesões provocadas pelo herpes, não são contagiosas.
Texto: Alexandra Pereira com Miguel Stanley (médico dentista)
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