Um jornal sensacionalista americano lembrou-se de crismar a mononucleose infecciosa (MI) de Doença do Beijo, pois é um nome mais atraente para os jornais. A MI também é transmitida pelo beijo na boca, como pode acontecer com outras doenças infecciosas, como é o caso da gripe. Só que a MI é provocada por um vírus diferente: o vírus de Epstein Barr. Embora algumas vezes os sintomas de uma e de outra doença, não permitam um diagnóstico diferencial simples.
Podendo surgir em todas as idades, a MI é mais comum nas crianças, adolescentes e adultos jovens. Começa tipicamente com um estado de mal estar e fadiga seguidos de febre. Por vezes a faringite (inflamação da garganta) é muito severa e dolorosa, identificando-se pelos gânglios aumentados e facilmente palpáveis no pescoço (linfadenopatias cervicais). Estas manifestações duram habitualmente uma a duas semanas, embora se possam prolongar muito mais tempo, em especial a fadiga. Em metade dos casos, manifestam-se o aumento do baço (esplenomegália) e do fígado (hepatomegália).
A MI é, normalmente, uma doença benigna, sem terapêutica específica e que quase sempre se resolve por si. Em alguns casos pode complicar-se ou manifestar-se com alguma ou muita gravidade: hepatite (inflamação do fígado), anemia hemolítica (destruição dos glóbulos vermelhos), hemorragias, rotura do baço, meningite, paralisias, entre outros...
Além disso, a doença pode ainda, e com alguma frequência, manifestar-se apenas por uma fadiga inexplicável ou só pelo aumento de um gânglio solitário ou de um grupo de gânglios, sem febre, no pescoço. Como este aumento dos gânglios acontece também no linfoma (tumor maligno dos gânglios), pode, por vezes, ser necessária a realização de uma biópsia (extração cirúrgica do gânglio para exame), situação evitável se previamente tiver sido feito um diagnóstico diferencial exato.
O diagnóstico desta situação, das complicações ou mesmo das manifestações mais habituais da MI, só pode ser realizado pelo médico patologista clínico, no seu laboratório. Tal passa pelo estudo microscópico dos linfócitos (células próprias do sangue) e a um teste pouco sensível da existência de anticorpos antivírus, o conhecido monoteste, que dá negativo em 50 por cento dos casos infantis e 20 por cento nos adolescentes e adultos.
Assim, o diagnóstico clínico-laboratorial baseia-se na pesquisa de anticorpos específicos de vários antigénios existentes nas estruturas do vírus de Epstein-Barr (anticorpos anti EBV-VCA IgG e IgM; anti-EAD e anti-EBNA). A combinação destes resultados permitem-nos detetar a existência de mononucleose infecciosa, assim como se estamos perante uma doença ativa ou se apenas existem anticorpos desenvolvidos com uma doença antiga.
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