Quatro vítimas por dia e mais de 4.000 novos casos detetados por ano em Portugal. São números impressionantes que atribuem ao cancro da mama o estatuto de segunda causa de morte no sexo feminino em território nacional. Mas nem tudo é negro no cenário desta doença. A cada dia que passa, novas moléculas, tratamentos e técnicas de deteção e cirurgia são desenvolvidas, permitindo minimizar o impacto da patologia.
Apesar de tudo, é sabido que prevenir e detectar precocemente é a maior garantia de sucesso. E isto é algo que também depende de si! De acordo com números disponibilizados pela Liga Portuguesa Contra o Cancro, estima-se que na Europa surjam anualmente cerca de 430.000 novos casos de cancro de mama e calcula-se que uma em cada 10 mulheres venha a desenvolver a patologia antes de chegar aos 80 anos.
Os principais fatores de risco
Ser mulher, não ter filhos e ter iniciado a menstruação cedo ou a menopausa tarde são alguns dos fatores considerados de risco. Os antecedentes familiares figuram também nesta lista, embora se calcule que só 10% dos casos sejam hereditários. A incidência tende a aumentar com a idade e, dado o papel das hormonas, alguns especialistas atribuem à terapia hormonal de substituição ou ao uso da pílula um potencial risco.
Mas, num ponto, todos concordam. A influência do estilo de vida! Sabe-se que o excesso de peso, o consumo de álcool, uma dieta desequilibrada e rica em gorduras, o sedentarismo e até a poluição ou o stresse podem ter um impacto significativo. Um estudo divulgado pela publicação especializada International Journal of Cancer em 2018 afirma que a ingestão excessiva de carne processada é um fator potenciador da doença.
Os gestos que podem salvar (muitas) vidas
O primeiro passo para avaliar a saúde do peito é em conhecê-lo bem. Assim, todos os meses, cinco a oito dias após a menstruação faça o autoexame. Trata-se de um gesto simples deve ser realizado por todas as mulheres a partir dos 15 anos e que consiste na observação, para detetar alterações na aparência da mama ou mamilo, e na palpação da mama e zona da axila. Caso note alguma irregularidade consulte o seu médico, mas evite entrar em pânico. Acredita-se que apenas cerca de 20% dos nódulos detetados desta forma sejam motivo de preocupação.
Como fazer o autoexame aos seios
Não descure este gesto. Em caso de dúvida, o ideal é consultar sempre um especialista. Nessa altura, pode ser feita uma punção, biópsia ou ressonância magnética. Embora o rastreio deste tipo de cancro se inicie por norma só aos 45 anos, cabe ao médico avaliar se se justificam exames antecipados. Se tiver casos de cancro da mama na família poderá ser encaminhada para uma consulta específica para tumores hereditários.
Diante do espelho, coloque a mão esquerda atrás da nuca e palpe a mama esquerda e zona da axila com a outra mão. Faça o exame seguindo os três passos que se seguem e depois repita o procedimento na outra mama, usando a mão oposta. Aplicar um gel ou creme na pele antes de fazer o autoexame facilita os movimentos. Veja, de seguida, como deve proceder para examinar o seu peito em casa, uma prática que deve ser regular:
1. Percorra toda a área da mama com as pontas dos dedos fazendo movimentos verticais de cima para baixo.
2. Com movimentos em espiral e partindo da periferia da mama, palpe a toda a volta até atingir o mamilo.
3. Como o ponteiro de um relógio, faça movimentos vaivém do centro à periferia da mama, até completar um círculo.
A ajuda especializada que deve procurar
Se detetar um nódulo ou qualquer alteração no peito, não perca tempo. Uma vez no consultório e, após a observação médica, podem revelar-se úteis outros exames como a mamografia ou ecografia mamária. Enquanto a mamografia, mais comum após os 40 anos, deteta mudanças na glândula mamária, a ecografia mostra outro tipo de alterações e é a mais indicada na faixa dos 30, dada a densidade do seu tecido mamário.
Texto: Manuela Vasconcelos
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