O risco de desenvolver um cancro do pâncreas aumenta após os 50 anos de idade, principalmente na faixa etária entre os 65 e 80 anos, havendo uma maior incidência no sexo masculino.
«A taxa de mortalidade é alta pois é uma doença de difícil diagnóstico (sendo, por isso, diagnosticada muitas vezes tardiamente) e com características muito agressivas», explica Paulo Cortes, coordenador da Unidade de Oncologia do Hospital dos Lusíadas.
«O tabagismo é o principal factor de risco, pois aumenta a possibilidade de desenvolvimento de cancro do pâncreas até oito vezes», defende o especialista. Um número suficientemente assustador! Para além disso, alguns factores nutricionais, tais como, a ingestão de gorduras sobretudo de origem animal, a obesidade e a elevada ingestão calórica também aumentam o risco.
O álcool parece ser um factor de risco adicional e o café também já foi apontado como uma das causas, embora estudos recentes não o confirmem. «As pessoas que sofrem de pancreatite crónica também podem desenvolver maior risco», acrescenta Paulo Cortes.
Sintomas que não deve ignorar
O cancro do pâncreas não apresenta sintomas específicos, o que dificulta o diagnóstico precoce. Por se localizar na parte mais profunda do abdómen, atrás de outros órgãos, «o tumor desenvolve-se muitas vezes sem sintomas, sendo difícil diagnosticá-lo na fase inicial».
Alguns dos sintomas mais frequentes são, na realidade, inespecíficos, «tais como, a perda de apetite e de peso, a falta de força e, por vezes, a diarreia», diz-nos Paulo Cortes.
O tumor que atinge a cabeça do pâncreas pode provocar obstrução biliar e icterícia (pele e os olhos amarelados), facilitando o diagnóstico. «Quando a doença está mais avançada, surge com frequência uma dor localizada nas
costas.
Outro sintoma do tumor é o aumento do nível da glicose no sangue, causado pela deficiência na produção de insulina (hormona produzida no pâncreas)», acrescenta o especialista.
Como é diagnosticado
O diagnóstico realiza-se a partir dos sintomas, ainda que não sejam muito evidentes, e de exames laboratoriais complementados por exames, tais como a tomografia computorizada (TAC), a ressonância magnética nuclear ou a ecografia do abdómen e biopsia.
Formas de tratamento
É necessário recorrer à cirurgia e, através dela, remove-se todo o tumor e os órgãos vizinhos (parte do estômago, duodeno e vesícula biliar). «É efectuada somente em doentes que possuem um cancro localizado, sem metástases (localizações do cancro à distância). Nestes casos, o procedimento cirúrgico pode ser curativo», salienta Paulo Cortes. A quimioterapia e a radioterapia podem ser úteis ou associadas à cirurgia. «Em casos mais avançados, são tratamentos adequados para reduzir o tumor e controlar a doença.»
É possível prevenir o cancro do pâncreas
1. Evite o consumo de tabaco e a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas.
2. Promova uma dieta equilibrada, evitando gorduras (sobretudo de origem animal) e privilegiando a ingestão de frutas e vegetais.
3. Pratique exercício físico.
Texto: Cláudia Pinto com Paulo Cortes, coordenador da Unidade de Oncologia do Hospital dos Lusíadas
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