Tipologias de Contágio
A legionella está geralmente presente em ecossistemas naturais de água doce e quente, como a superfície de lagos, rios, águas termais e tanques. Entre os locais de risco estão também os sistemas artificiais criados pelo homem como a rede de abastecimento e de distribuição de água nas cidades, torres de refrigeração e instalações como duches, sistemas de ar condicionado, humidificadores ou fontes decorativas, capazes de formar aerossóis.
Perante uma temperatura entre os 35˚C e 45˚C aliada à presença de depósitos (ferrugem, lodo e matéria orgânica), estes ambientes vão potenciar o crescimento bacteriano e a rápida multiplicação da legionella, iniciando-se assim o contágio.
A infeção ocorre por inalação (via respiratória) de aerossóis/gotículas contaminados pela bactéria, através dos chuveiros domésticos, torres de arrefecimento, sistemas de climatização, instalações termais, saunas e jacuzzis e que chegam aos pulmões. Não existe transmissão pessoa a pessoa, nem pela ingestão de água contaminada.
A ocorrência da infeção depende de vários fatores como a concentração e virulência da estirpe, bem como características de risco do indivíduo. Os grupos mais predispostos à infeção grave são geralmente pessoas com mais de 50 anos, fumadores regulares, pacientes com doenças pulmonares crónicas (DPCO e enfisema), com sistema imune debilitado por doença oncológica, renal ou diabetes ou que tomem medicação para suprimir (enfraquecer) sistema imunitário (transplantados, quimioterapia).
Os casos de infeção por legionella nas crianças são muito raros.
Diagnóstico
Geralmente, cinco ou seis dias depois de um indivíduo inalar a bactéria (presente nas gotículas de água) poderão surgir as primeiras manifestações clínicas. É o chamado período de incubação que, no entanto, pode variar entre dois e dez dias. Os sintomas apresentados não são específicos e são comuns a outras patologias como astenia, náuseas, tosse, dificuldade respiratória, febre alta, dores musculares e dores de cabeça.
No caso da forma menos severa – Febre de Pontiac – os doentes não têm pneumonia e os sintomas podem durar 2 a 5 dias, enquanto que perante a manifestação mais grave – Doença dos Legionários – os doentes têm pneumonia e os sintomas duram 2 a 14 dias.
A maioria dos pacientes com doença dos Legionários apresenta uma pneumonia grave, que é confirmada por exames radiológicos/imagiológicos (radiografia aos pulmões), pelo exame objetivo e por exames laboratoriais.
Existem vários exames laboratoriais para detetar a legionella. O mais comum e mais usado é a deteção de constituintes da bactéria numa amostra de urina (antigenúria) através de anticorpos específicos, sendo assim de execução rápida, bastante sensível e específico. Um teste de urina positivo para a legionella, num doente com pneumonia, confirma o diagnóstico de Doença dos Legionários.
Outros testes mais demorados e que não são utilizados por rotina, também confirmam a Doença dos Legionários como o crescimento da bactéria legionella, em meios de culturais adequados, a partir de amostras respiratórias (expetoração e outros) e avaliação da presença de níveis crescentes de anticorpos em amostra de sangue, colhidas logo após os sintomas e durante a recuperação (duas amostras com um intervalo de 10 dias).
Tratamento
O tratamento da legionella pneumophila é realizado com recurso a antibióticos, não existindo vacina de prevenção. Geralmente o paciente passa por um período de internamento, uma vez que a pneumonia constitui a manifestação clínica mais expressiva da infeção e surge habitualmente de forma aguda e pode, nos casos mais graves, conduzir à morte.
Por Germano de Sousa, Médico Especialista em Patologia Clínica
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