A lesão de nervos, quer seja primária quer seja secundária, provoca alterações no sistema imunitário. Em estudos animais com dor crónica chegou-se à conclusão que há uma alteração do ADN nos glóbulos brancos e nas células cerebrais. Esta alteração vai influenciar a expressão genética de centenas de milhares de genes nestes animais.
Num estudo realizado em doentes com alterações da articulação temporomandibular, chegou-se à conclusão que estes doentes têm uma diminuição da função do sistema imunitário.
O motivo tem a ver com facto de o sistema imunitário mediar em parte a dor crónica, através da inflamação, que é um processo defensivo do nosso organismo mas que também pode provocar dor.
Atualmente sabe-se que o sistema imunitário que nos protege dos invasores do meio ambiente pode também provocar doenças autoimunes, caracterizadas por atacarem o próprio organismo. No caso da dor crónica pode ser uma das razões para que esta fique fora de controlo.
Os fatores pró-inflamatórios que são produzidos pelo sistema imunitário podem ser uma das razões para um aumento da intensidade da dor. A dor crónica coloca o nosso corpo em estado de alerta levando a um desgaste e esgotamento do cortisol, uma hormona responsável pelo bem-estar.
A tempestade de citoquinas
Os doentes graves com COVID-19 têm uma resposta inflamatória - a tempestade de citoquinas - que pode causar a morte do doente, provocando edema pulmonar que impede que os pulmões forneçam oxigénio ao sangue. Existem outros órgãos que podem ser atingidos por este fenómeno. Esta é uma das razões porque algumas pessoas são mais atingidas que outras.
Os doentes com excesso de peso, triglicéridos altos, pré-diabéticos ou hipertensos têm aquilo que se chama em medicina de síndrome metabólico. Estes doentes são maios propensos a ter uma forma grave da COVID-19. Estes doentes já estão, pela sua condição, num estado de inflamação sistémica o que facilita a forma grave da doença.
Como é que a dor crónica influencia a inflamação no nosso corpo?
Sabemos que o doente com inflamação sistémica tem maior incidência de dor lombar e dor ciática. Sabemos também que valores elevados de fatores pró-inflamatórios correlacionam-se com o nível de dor do doente.
Assim um doente com dor crónica poderá ter um nível elevado de inflamação sistémica e isto poderá aumentar o risco de desenvolver uma forma grave de COVID-19.
O que se pode fazer?
Tratar a causa da dor e não deixar que a dor se mantenha por muito tempo.
O sucesso do tratamento da dor depende da precocidade do tratamento.
Adotar um estilo de visa saudável elimina os fatores de risco descritos acima.
Um artigo do médico Armando Barbosa, anestesiologista e especialista no tratamento da dor nas Clínicas PainCare.
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