Stresse, cansaço, alterações hormonais e emocionais, um sono insuficiente e a ingestão de determinados alimentos podem ser, entre muitas outras, a causa das dores de cabeça mais frequentes. Este tipo de incómodo afeta cerca de 95% das pessoas em alguma altura da vida e estão entre os 10 motivos mais frequentes de consulta médica nos países desenvolvidos, como confirmaram inúmeros estudos científicos nos últimos anos.
As dores de cabeça ou cefaleias, como são designadas pelos especialistas, são a queixa dolorosa mais comum e apesar de, na maioria das vezes, não estarem associadas a lesões identificáveis, podem ser altamente incapacitantes. Descubra os erros que pode estar a cometer no seu dia a dia e que, sem que tenha essa noção, lhe podem estar a provocar dores de cabeça. Com as recomendações do especialista, aprenda ainda a evitá-los.
1. Descurar a postura
Uma postura errada no local de trabalho pode ser o suficiente para desencadear uma cefaleia de tensão. "A posição da cadeira e da secretária deve ser adaptada a cada pessoa, de forma a que não haja tensão muscular na região cervical", frisa Manuel Correia. O especialista alerta que "o centro do écrã do computador deve estar ao nível dos olhos e a mão deve estar paralela ao teclado, sem estar em extensão ou flexão".
2. Comer chocolate
O chocolate contém substâncias que interferem com o relaxamento e a contração dos músculos das artérias que podem provocar um episódio de enxaqueca. O álcool, principalmente o vinho tinto, que é vasodilatador, alguns tipos de queijo e algumas substâncias presentes na comida chinesa, os nitratos, também podem estar relacionados com o desencadear de uma enxaqueca. "No entanto, trata-se de uma sensibilidade individual que deverá ser avaliada por um especialista", aconselha o neurologista.
3. Passar muitas horas à secretária
O cansaço e o stresse também podem provocar um episódio de enxaqueca ou uma cefaleia de tensão. Se no seu trabalho passa horas consecutivas sentada à secretária, faça algumas pausas ao longo do dia, para relaxar e libertar a tensão. "É também essencial que faça uma dieta equilibrada e exercício físico. A atividade física melhora a resistência física que, por sua vez, aumenta a resistência ao cansaço", refere o neurologista.
4. Roubar horas ao sono
A privação de sono provoca alterações hormonais que desregulam o relógio biológico, além de causar sonolência diurna, e podem desencadear um episódio de enxaqueca. Mantenha um horário de sono regular e durma entre seis a oito horas. "Se tem frequentemente enxaquecas e fizer viagens intercontinentais, informe-se junto do seu médico sobre a medicação que pode ajudá-la a adaptar-se ao novo fuso horário", recomenda Manuel Correia, neurologista.
5. Não procurar ajuda médica
Não facilite. "As cefaleias são um sintoma comum a várias doenças, algumas gravíssimas, como é o caso dos tumores cerebrais e dos acidentes vasculares cerebrais. Por isso, uma dor de cabeça que perdure mais de dois ou três dias ou que apresente características diferentes da dor de cabeça habitual [intensidade, localização, sintomas que a acompanham e/ou frequência] deve ser avaliada por um médico", alerta o neurologista.
Além disso, existe medicação que ajuda a prevenir e a tratar os episódios de enxaqueca e que deve ser prescrita por um especialista, embora muita gente, erradamente, recorra à automedicação.
Enxaqueca ou cefaleia de tensão?
A enxaqueca define uma dor pulsátil que surge associada a outros sintomas como náuseas e vómitos e é mais frequente em determinadas fases da vida. Normalmente, tende a diminuir com idade. A sua origem é genética mas é desencadeada por hábitos de estilo de vida e alterações hormonais.
A cefaleia de tensão é uma dor menos intensa que surge na região posterior da cabeça mas pode prolongar-se durante horas. Geralmente, aparece ao final do dia e está relacionada com fatores como o stresse e outro tipo de alterações emocionais.
Texto: Sofia Santos Cardoso com Manuel Correia (neurologista)
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