De certeza que costuma incluir produtos com pré ou probióticos no seu carrinho de compras por saber que são benéficos para a saúde. Mas tem noção de que não são a mesma coisa nem atuam da mesma forma? Dizemos-lhe tudo o que deve saber sobre cada um deles para que possa fazer as melhores escolhas. No mercado português, já há uma grande oferta de alimentos que muitos denominam como funcionais.
Estes alimentos que, para além das suas propriedades, beneficiam uma ou mais funções do organismo, melhorando a saúde ou reduzindo o risco de doença. Os alimentos que incluem ingredientes pré e probióticos são, sobretudo, iogurtes, bolachas, sumos, pães, refeições infantis ou leites. Para além destas qualidades, não têm contraindicações, pelo que podem ser tomados em qualquer momento da vida.
Mas cada um atua de forma diferente na promoção da nossa saúde, algo que é preciso ter sempre em linha de conta. A principal diferença é que os alimentos probióticos devem os seus efeitos saudáveis aos microorganismos vivos que contêm, enquanto que nos prebióticos os benefícios advêm da presença de uma fibra que favorece, in situ, o desenvolvimento de uma flora intestinal benéfica.
Tome-os regularmente
No que diz respeito às quantidades recomendadas de pré e probióticos é difícil generalizar. É dever das marcas que os comercializam indicá-las. Mas, por exemplo, para que os efeitos favoráveis dos probióticos sejam apreciáveis e duradouros, é necessário ingerir estas bactérias de forma regular e continuada, já que se limitam a passar pelo trato intestinal sem chegar a fazer parte da flora intestinal. Para além disso, depois de se deixar de ingerir o produto, o seu efeito vai desaparecendo progressivamente.
A chave é a fibra
Os prebióticos são ingredientes não digeríveis (fibra) dos alimentos que afetam beneficamente o organismo através de um estímulo seletivo do crescimento e/ou atividade de uma ou de um grupo limitado de bactérias no cólon. Entre os prebióticos há diferentes tipos de fibra, nomeadamente a solúvel e os oligossacarídeos não digeríveis como, por exemplo, a inulina ou os fruto-oligossacarídeos (FOS) que se acrescentam a produtos como leite, iogurtes, pudins, bolachas ou margarinas.
Estes compostos servem de substrato às bactérias que colonizam o intestino grosso, que fabricam ácido lático e ácidos gordos de cadeia curta, os quais, por sua vez, estimulam o crescimento das bifidobactérias, equilibrando a flora intestinal. Por outro lado, também diminuem o pH (acidez), inibindo assim o crescimento de inúmeras bactérias patogénicas como a clostridium e coliformes, com o que nos protegem de determinadas doenças.
As vantagens dos alimentos prebióticos
Os prebióticos são hidratos de carbono presentes naturalmente em vegetais como a chicória, o alho, a cebola, o alho-francês, os espargos, as alcachofras, o tomate, as bananas. Mas também se acrescentam a outro tipo de produtos como pães, bolachas, cereais, sumos ou laticínios. É o caso da inulina que se extrai da raiz da chicória. Estes são alguns dos benefícios deste tipo de alimentos:
- Estimulam a produção da flora bacteriana, favorecendo a saúde intestinal e o seu correto funcionamento.
- Promovem uma evacuação intestinal regular.
- Contribuem consideravelmente para a redução do risco de doenças cardiovasculares e diabéticas, já que regulam os níveis de colesterol e triglicéridos no sangue.
- Ajudam a evitar o inchaço abdominal, causado pela prisão de ventre e pelo excesso de gases.
- Acidificam o pH intestinal que impede a proliferação de microorganismos patogénicos.
- Protegem o organismo de possíveis infeções, já que estimulam o sistema imunitário intestinal.
Os micro-organismos bons
Por seu lado, os probióticos são os alimentos que contêm microorganismos vivos que, ao serem ingeridos em quantidades suficientes, exercem um efeito positivo na saúde que vai além dos efeitos nutricionais tradicionais. Nesta denominação incluem-se, para além dos microorganismos do iogurte (lactobacillus bulgaricus e streptococcus thermophilus), os de outros leites fermentados de nova geração.
É o caso das variantes com bifidobacterium lactis e l. casei, entre outras que foram surgindo nos últimos anos. Convém lembrar que para que um alimento possa ser considerado probiótico, os seus microorganismos devem estar vivos e em quantidades suficientes, devem ser estáveis e viáveis até à caducidade do produto e devem oferecer benefícios para a saúde de quem os ingere.
Os benefícios dos alimentos probióticos
Os principais probióticos são bactérias lácticas usadas tradicionalmente em fermentações alimentares, pertencentes aos géneros das bifidobactérias e dos lactobacilos. Encontram-se principalmente nos iogurtes e em bebidas com leite fermentado. Também podem ser adicionados a outro tipo de alimentos como a comida infantil, leite, sumos, iogurtes ou, inclusive, podem ser consumidos sob a forma de comprimidos (suplementos alimentares).
As vantagens dos probióticos também têm sido apontadas:
- Atenuam a intolerância à lactose.
- Têm efeitos preventivos e terapêuticos contra a diarreia.
- Atuam eficazmente contra a prisão de ventre e regulam o trânsito intestinal.
- Produzem substâncias antimicrobianas e impedem o desenvolvimento de patogénios alimentares.
- Podem atuar sobre os mecanismos naturais de defesa do organismo. Estimulam a atividade dos macrófagos (células do sistema imunitário) e favorecem a produção de anticorpos.
- Diminuem o risco de contrair cancro do cólon e outras doenças intestinais, como a doença de Chron e a colite ulcerosa.
- Favorecem a absorção de vitaminas K e do grupo B, bem como nutrientes e minerais, como cálcio, magnésio, zinco e ferro.
- Melhoram os sintomas da síndrome do intestino irritável.
- Influenciam positivamente o desenvolvimento do sistema imunitário do bebé.
Texto: Madalena Alçada Baptista com Florbela Mendes (nutricionista)
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