O universo da saúde é rico em mitos. Um deles é que o café faz mal, no geral, ao nosso organismo. Particularizando, existe também a ideia de que o café engorda. Não é verdade. Muito pelo contrário, asseguram mesmo vários especialistas.

Aliás, recentemente, o The Fitness Industry Convention reuniu as conclusões de várias investigações científicas que verificavam uma relação positiva entre a cafeína e a perda de peso.

No entanto, como diz, sabiamente, o povo, «o Diabo está nos detalhes». Assim, para se conseguir usufruir de todos os benefícios do café no que diz respeito à perda de peso há que bebê-lo sem açúcar. Uma matemática simples
permite-nos perceber porquê. Se consumir cerca de três a quatro chávenas de café por dia (o consumo diário recomendado) e juntar a todas as bicas um pacote de açúcar, no final do dia terá ingerido entre de 24 a 32 g de açúcar, se contabilizarmos apenas esta fonte de açúcar. Por conseguinte, ao final do ano, terá consumido aproximadamente 11 kg. Por isso, é recomendável que beba café, sim, mas puro e, se não tolerar o sabor, opte sempre pelo adoçante.

Mais-valias da cafeína no combate ao excesso de peso

Os principais fatores que explicam a perda de peso através de um consumo regular de café podem ser desenvolvidos a partir de três ideias-chave. Em primeira instância, as pessoas que bebem café apresentam um maior gasto energético diário. O café assume-se como responsável por um maior consumo energético base, uma vez que estimula o metabolismo e, por conseguinte, a termogénese, acelerando o processo que resulta da transformação de calorias dos alimentos em energia.

Desta forma, o organismo gasta mais calorias diariamente. Em segundo lugar, a cafeína potencia o processo de lipólise, que, por sua vez, se reflete numa degradação dos lípidos e posterior conversão de gorduras em reservas energéticas. Esta deterioração de lípidos leva a que os níveis de gordura corporal desçam, facilitando a manutenção ou recuperação do peso desejado.

Por último, o consumo regular de cafeína é sinónimo de uma maior sensação de saciedade. Assim, os snacks constantes ou os chamados pecados que as pessoas cometem tornam-se mais evitáveis, já que a pessoa não sente o desejo de ingerir alimentos constantemente. Logo, a ingestão de calorias é mais controlada.

A epidemia do século XXI

Mais do que um problema estético, a obesidade deve ser encarada como um problema de saúde pública, tendo inclusivamente sido considerada pela Organização Mundial de Saúde como a epidemia do século XXI. Segundo esta entidade, a obesidade define-se como uma doença crónica cujo excesso de gordura corporal acumulada pode atingir valores capazes de afetar a saúde.

O excesso de gordura acumulada, por sua vez, resulta de consecutivos balanços energéticos positivos, nos quais a quantidade de energia ingerida é superior à quantidade de energia gasta. Os fatores responsáveis por este desequilíbrio variam de casa para caso, mas de uma forma geral podem identificar-se quatro tipos de origem, nomeadamente genética, metabólica, comportamental e ambiental.

Para além das várias consequências físicas que a obesidade comporta, como o aumento de pressão arterial e da gordura abdominal, amplificando a resistência à insulina, esta patologia condiciona igualmente a personalidade do indivíduo, influenciando principalmente a sua autoestima, assumindo também uma dimensão social.

Comportamentos a adotar

Apesar de sermos um povo cujo regime alimentar se define através da cozinha mediterrânea, na generalidade, os portugueses não aproveitam da melhor forma as potencialidades da mesma. O fast food tem, cada vez mais, um papel preponderante no quotidiano. Enquanto a mudança de hábitos e mentalidades demora a acontecer, a chamada comida rápida lidera a corrida, até porque está facilmente ao alcance de todos. Desde restaurantes exclusivamente destinados a fast-food, passando pelas máquinas de venda automática, as opções são mais que muitas e prometem poupar tempo aos consumidores.

Tendo em conta que muitas vezes os mais novos replicam os exemplos dos mais velhos, mais do que promover, devemos todos praticar um regime alimentar saudável, o que não se tem verificado. Apesar de termos das crianças e jovens que mais peças de fruta comem diariamente, quando se tornam adultos tendem a alterar a sua dieta alimentar.

Ao tratar de comportamentos que devemos adotar para gerirmos um estilo de vida mais saudável, importa mencionar a prática de exercício físico. Mais uma vez, este não se pode considerar um hábito incutido no espírito do povo português, a começar pelas raparigas das faixas etárias mais jovens.

De uma forma geral, para se atingir e manter um peso dito saudável, algo que está dependente das caraterísticas de cada um, a máxima deve ser a de gastar um número de calorias idêntico às ingeridas diariamente. Para tal, por forma a conseguir estimar o número de calorias que pode ingerir e identificar quais são os alimentos que melhor se adequam às suas necessidades, informe-se junto de um nutricionista.

Texto: Joana Silvério Marques (nutricionista da Clínica Quadrantes)

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