A possibilidade de preservar o potencial reprodutivo representou um grande avanço para a medicina reprodutiva. As doentes diagnosticadas com cancro que se submetam a um tratamento de quimioterapia ou radioterapia que pode afetar a fertilidade ou aquelas mulheres que por qualquer outra razão queiram adiar o seu projeto reprodutivo, têm a opção de vitrificar os seus óvulos, e no futuro, se decidirem engravidar e não conseguirem de forma espontânea, podem recorrer aos mesmos.

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"Em Portugal, como no resto da Europa, a tendência atual é adiar a maternidade por vários motivos (aposta na carreira, maior estabilidade e independência financeira ou simplesmente não ter a pessoa certa ao seu lado), por isso surgiu o conceito de preservação de fertilidade social, que permite às mulheres gerir a sua vida de acordo com os seus objetivos. A altura ideal para fazê-lo é até aos 35 anos para poder guardar os ovócitos em quantidade suficiente e de boa qualidade. É um processo simples e rápido que se conclui em cerca de duas semanas”, explica a ginecologista. Tatiana Semenova.

Um estudo publicado na revista Human Reproduction, intitulado "Elective and oco-fertility preservation: factors related to IVF outcomes" e liderado pela médica Ana Cobo, expõe os benefícios da técnica depois dos 35 anos.

"Um dado muito chamativo é que as mulheres menores de 35 anos que preservaram a sua fertilidade por motivos sociais alcançaram uma taxa de sucesso de 94% ao obter 24 ovócitos para vitrificar, enquanto as que tinham mais de 35 anos, com uma quantidade semelhante de ovócitos, apenas chegavam a 50% de probabilidade de gravidez de termo", indica a médica.

"Daí a importância de preservar a fertilidade antes dos 35 anos, algo que desde sempre insistimos por conhecermos o efeito da idade na qualidade dos óvulos", acrescenta Ana Cobo.

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O estudo refere como o grupo maioritário de mulheres que preserva a sua fertilidade por motivos sociais continua a situar-se acima dos 35 anos.

"Neste estudo retrospetivo integrado, 83,5% das mulheres optou por uma preservação eletiva da fertilidade e 16,5% fê-lo por motivos oncológicos (principalmente cancro de mama). Destas mulheres aproximadamente 700 regressaram para tentar ser mães, 162 bebés nasceram fruto de preservação por motivos sociais e 25 bebés nasceram depois das mães superarem o cancro", explica Ana Cobo.