A carne de porco à venda em alguns supermercados britânicos esteve infetada com uma superbactéria potencialmente fatal, segundo uma investigação agora divulgada pelo jornal britânico The Guardian.

Os testes descobriram que mais de 10% dos produtos suínos amostrados, incluindo articulações, costeletas e carne picada, foram infetados com bactérias que mostraram ser resistentes a antibióticos de “último recurso” usados para tratar doenças graves em humanos.

A superbactéria detetada é uma variante da bactéria enterococos que pode causar infeções do trato urinário, entre outras doenças. Nos casos mais graves a bactéria pode infetar a corrente sanguínea, coração e cérebro. Esta já mostrou ser resistente ao tratamento com alguns tipos de antibióticos comuns prescritos por médicos.

As estirpes de bactérias resistentes a medicamentos são um problema de saúde significativo, a aumentar na Europa, escreve o referido jornal. O novo teste, partilhado com o Bureau of Investigative Journalism e o jornal inglês Guardian, sugere que a superbactéria enterococos é mais difundida na carne do Reino Unido do que se pensava anteriormente.

Uma investigação do governo publicada em 2018 descobriu a bactéria em uma em cada 100 peças de carne suína e de aves testadas. Mas os novos testes encontraram-na em 13 das 103 amostras e também a detetaram em carne orgânica, apesar de os agricultores biológicos usarem menos antibióticos nos seus animais.

Das amostras contaminadas, 13 eram resistentes à vancomicina, um antibiótico de "último recurso" devido à sua importância no tratamento de infeções mais graves e com risco de vida para o ser humano

Tim Lang, professor emérito de política alimentar da Universidade City de Londres, comenta que "estas descobertas sugerem que o uso de antibióticos não está sob controlo em partes da indústria da carne".

A Direção de Medicamentos Veterinários, departamento governamental responsável pelo uso de antibióticos em criações de gado, esclareceu em comunicado que "estamos comprometidos em reduzir o uso desnecessário de antibióticos em animais e continua a ser a nossa intenção fortalecer a nossa lei nacional nesta área".

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