2 de dezembro de 2013 - 16h05

A Sofrocay, Academia Internacional de Sofrologia Caycediana criou o Prémio Alfonso Caycedo, que atribuiu pela primeira vez no domingo, em Barcelona, como forma de incentivar a investigação nesta disciplina que nasceu há meio século no seio da neuropsiquiatria.

“Quando olhamos as pessoas que praticam sofrologia vemos que tudo funciona melhor, mas é necessário pôr em estatísticas, em números. É importante falar uma linguagem racional, a que é aceite no mundo atual”, disse à agência Lusa Natalia Caycedo, médica especializada em psiquiatria, diplomada em neuropsicologia e neurofisiologia e vice-presidente da academia Sofrocay.

Natalia Caycedo falava no final do terceiro simpósio internacional de Sofrologia Caycediana, que decorreu no fim de semana em Sitges, arredores de Barcelona, sob o tema “A sofrologia Caycediana e a Gestão das Emoções”, e que juntou 350 especialistas de seis países, entre os quais Portugal.

A preocupação de reunir trabalhos académicos publicáveis em revistas científicas, alguns dos quais apresentados durante o simpósio, tem por objetivo ver reconhecida e difundida uma disciplina que tem revelado resultados, comprovados essencialmente através da fenomenologia, em situações que vão da ansiedade/depressão, stresse crónico, dor, auxiliar no tratamento do cancro e de doenças degenerativas ou à intervenção no meio escolar, desportivo e das empresas, afirmou.

Natalia Caycedo realçou o facto de esta disciplina ser oficialmente reconhecida em França, país onde está mais difundida e onde tem Reconhecimento Nacional de Certificação Profissional, e de na Suíça ter sido formalmente reconhecido o seu papel na redução da tomada de fármacos por parte de pessoas com doenças psicossomáticas.

Como exemplo, citou um estudo realizado por uma enfermeira espanhola num centro de cuidados primários que concluiu que as pessoas com elevados níveis de ansiedade que foram encaminhadas para a prática de sofrologia reduziram em 30 por cento o consumo de fármacos.

“São pesquisas que são evidentes porque quando olhamos as pessoas que praticam sofrologia vemos que tudo funciona melhor, mas é preciso pôr isso em números”, afirmou, adiantando que, além do Prémio Alfonso Caycedo, a academia criou uma comissão para promover e certificar a investigação nesta área.

No início da década de 1960, chocado com a forma como eram tratados os doentes nas alas psiquiátricas quando iniciou o seu estágio no Hospital de Madrid, e com a ausência de qualquer disciplina no seu curso que estudasse a consciência, Alfonso Caycedo, neuropsiquiatra natural da Colômbia, criou a sofrologia, muito influenciado pela fenomenologia existencial e pelos conhecimentos que lhe foram transmitidos nos dois anos que passou no Oriente.

Com raiz no grego, a palavra sofrologia significa o estudo da consciência em harmonia, baseando-se a sua prática num conjunto de técnicas de relaxamento dinâmico e estático, exercícios respiratórios, movimentos físicos e estratégias de orientação positiva do pensamento, fortalecendo a relação corpo-mente-espírito.

Alfonso Caycedo registou o nome Sofrologia Caycediana como forma de proteger esta disciplina de distorções que começaram a surgir, tendo a academia unificado a metodologia de ensino que é ministrada nas perto de 40 escolas existentes em França, Espanha, Suíça, Bélgica, Luxemburgo, Itália e Portugal (Lisboa e Santarém).

Natalia Caycedo apontou como objetivos para 2014, além do reforço da investigação e da qualidade da formação, uma aposta na comunicação como forma de difundir a sofrologia, tanto na vertente clínica (exercida exclusivamente por pessoas com formação na área da saúde) como na social.

Lusa