Suzana Garcia não conteve as lágrimas ao comentar a trágica morte de Diogo Jota, aos 28 anos, e do irmão, André Silva, aos 25, num acidente de carro em Espanha.

No programa 'Dois às 10', da TVI, no qual é comentadora, a advogada abriu o coração para relembrar o legado do internacional português, mostrando toda a sua solidariedade para com a família, especialmente a mãe.

"Vou dizer uma coisa, espero que as pessoas não me levem a mal, mas estou só a ser honesta, peço desculpa pela minha ignorância. Eu não sabia quem era o Diogo Jota, não percebo muito de futebol. Sei que a seleção portuguesa joga e quero que ganhe, mas sinceramente, não conhecia o contributo desta pessoa", começa por dizer.

"Ouvi a notícia e aquilo que me consternou mais foi - e daqui um abraço para a Isabel e para o Joaquim, que são os pais destas duas pessoas - foi eu tentar pensar como é que se recebe a notícia quando se tem dois filhos e se sabe que eles foram assim ceifados, os dois, aos mesmo tempo, desta forma", reflete.

"Depois com o tempo fui ouvindo um 'feedback' muito grande e por isso permite-se só fazer aqui um reparo: esta solidariedade toda não é só do povo português. Fiquei um pouco estarrecida porque como é que era possível ouvir o rei de Inglaterra a dirigir palavras à própria família. Vi o presidente da FIFA a fazer um esforço enorme a falar português para dirigir-se à própria família. Já morreram muitos jogadores de futebol e eu nunca vi nada disto no mundo", destaca, realçando a atitude do Liverpool em retirar a camisola número 20, que era usada por Diogo Jota.

"Achei em como é que era possível eu não saber tudo o que ele tinha feito para lá do desporto, porque o que é curioso neste caso - e aquilo que me fez confrontar com esta minha ignorância - foi eu não ter sabido quem eram estes meninos, filhos deste casal, que sendo pessoas humildes criaram dois seres humanos maravilhosos", diz ainda.

"Um miúdo que aos 17 anos quando lhe propuseram ir viver para a sua própria casa disse que não porque era ele que ajudava a sustentar os seus companheiros de equipa. Com 17 anos isto diz tanto das pessoas... Um miúdo que sendo famoso, rico, casou-se com a namorada de uma vida. Um miúdo, que no Reino Unido, era de tal forma agraciado na equipa em que jogava que até compuseram uma música para ele", recorda.

Entretanto, fala da "maior das dores" que os pais de Diogo e André sentem neste momento, não contendo as lágrimas neste momento. "Isto é contranatura. Lembro-me sempre daquela imagem da Virgem Maria com Cristo nos seus braços. Essa redenção feminina de uma mãe, quando o seu filho morre, querer ser ela que dá banho ao filho. Ser a pessoa que o pariu aquela que ainda lhe dá o último regaço e isto esta mulher não vai fazer, porque não há corpo. E quando falamos em velar o corpo, que é uma coisa tão importante, que é estarmos ali a olhar, a selar cada fase da vida destas pessoas, duas de uma só vez, esta mulher não vai conseguir fazer".

"Depois eu tenho dois filhos, nem sequer têm dois anos. Há aqui uma mulher, a Rute, que tem um bebé de oito meses. Como é que se gere uma bebé de oito meses? Há dois meninos que já sabem quem é o pai, que conheceram o pai, que ouviram e sentiram as suas festas. E há uma criança que não vai saber quem é o pai. Esta menina vai ver as fotos e os irmãos a falarem do pai e ela não tem esse pai", sublinha.

Por fim, deixa um apelo: "Projetamo-nos nestas pessoas e pensamos: podia ter sido o meu filho. Podia ter sido eu, ou outra pessoa, porque de facto é tudo efémero. (...) Gostaria que qualquer um aqui presente, ou eu até, tivéssemos só 10% do afeto que estas pessoas, tendo sido tão jovens ceifadas da vida, estão a causar no mundo inteiro".

Veja aqui o momento completo.