Em causa está uma iniciativa que quer pôr em marcha uma rede de serviços públicos veterinários, contando para isso com a ajuda dos municípios, que se podem candidatar a verbas para ajudar os munícipes mais carenciados que tenham animais domésticos.
“Este ano, pela primeira vez, as câmaras municipais podem apresentar despesas relativas a tratamentos dos animais de famílias carenciadas, mas para isso têm de se candidatar e isso não está a acontecer. São poucas as que estão a aderir”, alertou Rodrigo Livreiro, presidente da Animalife, uma associação sem fins lucrativos que combate o abandono animal.
O prazo para os municípios submeterem as candidaturas ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) termina a 13 de julho e, até ao final desta quarta-feira, tinham-se candidatado 48 dos 308 municípios portugueses (15,5%), segundo dados avançados à Lusa pelo ICNF.
O ICNF salientou que “ainda falta uma semana para o fim do prazo”, alertando no entanto que “não poderão ser admitidas candidaturas fora” da data limite.
Para Rodrigo Livreiro, a “pouca adesão” poderá “pôr em causa um programa de âmbito nacional” que ganhou fôlego com o Orçamento do Estado deste ano, que veio oferecer às pessoas carenciadas consultas e tratamentos médico-veterinários para os seus animais, além da identificação, vacinação, desparasitação e esterilização.
“É a primeira vez que se contempla um aviso direcionado à consolidação de uma rede de serviços públicos veterinários, garantindo o reembolso das despesas realizadas pelos municípios com a prestação de serviços veterinários de assistência a animais de companhia detidos por famílias carenciadas. Este apoio inclui também os serviços prestados por via de protocolos dos municípios com os centros de atendimento médico-veterinário e os hospitais universitários”, salientou o gabinete de imprensa do ICNF.
Rodrigo Livreiro acredita que a medida é também “muito importante para diminuir o número de animais abandonados em Portugal”.
Para a associação, a falta de dinheiro dos donos acaba por afetar também a vida dos seus animais que podem ficar sem alimentação ou tratamentos médico-veterinários e, no limite, serem abandonados. Foi por esse motivo que a Animalife criou, no ano passado, o Banco Solidário Animal, lançando campanhas nacionais de recolha de alimentos e outros bens essenciais.
A associação tem vindo a estabelecer protocolos com municípios e juntas de freguesia para implementar um programa de apoio social-animal às famílias que já estavam sinalizadas pelas instituições.
“As famílias eram apoiadas, mas os animais ficavam de fora das ajudas”, recordou Rodrigo Livreiro, presidente da associação que nasceu com o objetivo de diminuir o abandono animal, apoiando associações e grupos de proteção animal, famílias em situação de carência económica e acompanhamento de pessoas sem-abrigo com animais a cargo.
Em 2021 “começou a falar-se, pela primeira vez, de apoio primário a despesas a famílias” e têm surgido apoios financeiros destinados a autarquias e associações para que possam desenvolver projetos que vão desde a melhoria das suas instalações até ao custeio de vacinas e até alguns atos médicos veterinários, lembrou o presidente da associação.
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