Na última reunião, que decorreu em 13 de julho, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) avançaram com uma contraproposta ao protocolo negocial apresentado pelo Ministério da Saúde para que a grelha salarial desses profissionais fosse incluída nas negociações.

Perante isso, a reunião foi suspensa e será retomada hoje, com o secretário-geral do SIM a adiantar à agência Lusa que espera que agora o “protocolo chegue a bom porto” para que seja possível, na prática, dar início às negociações.

“A questão salarial é essencial, já que um médico especialista aufere cerca de 1.800 euros, o que, nos tempos que correm, não permite a sua mobilidade entre regiões”, um nível de vencimentos que faz com que, sobretudo, o setor privado seja “muito mais atrativo” do que o público, salientou Jorge Roque da Cunha.

Segundo disse, “finalmente o Governo reconheceu” a necessidade de negociar com os sindicatos questões da carreira médica, já que medidas como o aumento dos valores pagos pelas horas extraordinárias nos serviços de urgência “são pontuais”.

“O SIM entende que este é o momento de negociação” e não de contestação, salientou Roque da Cunha, para quem um acordo sobre esta matéria, assim como o reforço do investimento no Serviço Nacional de Saúde (SNS), vai permitir “criar as condições para que haja menos médicos a sair” dos hospitais e centros de saúde públicos.

Após a última reunião entre as duas partes, a FNAM admitiu avançar para a greve se não for incluída a revisão das carreiras médicas e tabela salarial no protocolo negocial já no encontro de hoje com o Ministério da Saúde.

A estrutura sindical, que reuniu o seu Conselho Nacional, entende que o “Governo pretende negociar apenas medidas isoladas”, as quais “não têm tradução concreta numa melhoria real das condições de trabalho, nem numa remuneração justa e digna” dos médicos do SNS.

O Conselho Nacional mandatou a sua Comissão Executiva para declarar greve dos médicos caso estes requisitos não sejam “satisfatoriamente contemplados” na próxima reunião com as estruturas ministeriais, referiu na altura a FNAM em comunicado.