De acordo com o relatório “Health at a Glance 2019”, em Portugal a prevalência da demência está pouco fica acima dos 20 casos por 1.000 habitantes, mas em 2050 prevê-se que duplique, chegando aos 40,5 casos por 1.000 habitantes.
A idade continua a ser o maior fator de risco para a demência e, nos 36 países da OCDE, a prevalência média de demência sobe de 2,3% entre as pessoas de 65 a 69 anos para quase 42% entre as pessoas de 90 ou mais.
A proporção da população com 65 anos ou mais aumentou de menos de 9% em 1960 para mais de 17% em 2017 e as taxas decrescentes de fertilidade e a expectativa de vida mais longa fizeram com que os idosos representem uma proporção crescente da população nos países da OCDE
Os países com algumas das populações mais envelhecidas da OCDE – como o Japão, Itália, Alemanha e Portugal - têm também os maiores valores de prevalência de demência.
O quinto país que mais consome antidepressivos
Portugal é o quinto país da OCDE com maior consumo de antidepressivos, tendo mais do que triplicado o consumo no país entre 2000 e 2017.
O relatório mostra um aumento generalizado no consumo de antidepressivos nos cerca de 30 países analisados, que entre 2000 e 2017 registaram, no conjunto, uma duplicação. Portugal apresentava em 2017 um consumo de 104 doses diárias de antidepressivos por mil pessoas, quando em 2000 pouco ultrapassava as 30 doses diárias.
A análise usa como indicador a “dose diária”, que representa a média indicada por dia para um medicamento usado por adultos para sua principal indicação terapêutica.
Número elevado de cesarianas
Portugal mantém-se entre os 10 países da OCDE com uma taxa de cesarianas mais elevada, com 32,5% dos partos, acima dos 28% da média de mais de 30 países.
O documento recorda que as cesarianas podem ser um procedimento necessário e que salva vidas, mas avisa que podem aumentar as complicações e até a mortalidade materna e infantil.
A taxa de cesarianas permanece mais reduzida nos países nórdicos, com valores de 16% na Noruega, Islândia, Holanda ou Finlândia.
Portugueses a consumir menos álcool
Os portugueses reduziram em cerca de dois litros o consumo de álcool ‘per capita’ entre 2007 e 2017, bebendo em média 10,7 litros por ano, o que coloca Portugal no 11.º lugar dos países da OCDE com maior consumo.
Segundo os dados, baseado nas vendas, o consumo de álcool nos países da OCDE baixou, em média, de 10,2 litros por adulto em 2007 para 8,9 litros em 2017, o equivalente a quase 100 garrafas de vinho.
Em média, nos países da OCDE, 3,7% dos adultos eram dependentes de álcool, uma situação que se agrava na Letónia, na Hungria e na Federação Russa, atingido mais de 9% dos adultos. A Lituânia é o país com maior consumo (12,3 litros), seguido por Áustria, França, República Checa, Luxemburgo, Irlanda, Letónia e Hungria, todos com mais de 11 litros por pessoa.
Muitas infeções nos hospitais
Portugal é um dos países da OCDE com maior percentagem de doentes em cuidados continuados que contraíram pelo menos uma infeção associada aos cuidados de saúde.
Segundo o documento, no período 2016-2017 em Portugal 5,9% dos doentes em cuidados continuados registaram pelo menos uma infeção associada aos cuidados de saúde, um valor acima da média da organização (3,8).
Abaixo da média da OCDE aparecem países como a Lituânia, Hungria, Suécia, Alemanha e Luxemburgo (com menos de 2%), enquanto as percentagens mais elevadas se registam na Dinamarca, Portugal, Grécia e Espanha (acima de 5%).
O impacto das infeções associadas aos cuidados de saúde é agravado pelo aumento de bactérias resistentes a antibióticos, o que pode levar a infeções difíceis ou mesmo impossíveis de tratar, alerta a OCDE.
Poluição atmosférica matou 2.800 pessoas em Portugal
A poluição atmosférica terá causado cerca de 2.800 mortes em Portugal em 2016, um número abaixo da média da OCDE.
Nos 36 países da OCDE, a poluição atmosférica causou cerca de 40 mortes por 100.000 habitantes, segundo um quadro da OCDE sobre quatro fatores de risco para a saúde: o impacto do tabaco, álcool, excesso de peso e poluição atmosférica.
A Letónia, Hungria e Lituânia são os países com mais casos de morte em 2016, com mais de 80 mortes por 100 mil habitantes, refere o relatório.
Médicos e enfermeiros com redução salarial
Os médicos portugueses foram dos poucos entre os países da OCDE que tiveram uma redução da sua remuneração entre 2010 e 2017, enquanto os enfermeiros em Portugal são dos que menos recebem.
O documento revela que a remuneração dos médicos entre os mais de 30 países analisados aumentou geralmente desde 2010, ao contrário do que aconteceu em Portugal.
Em Portugal os médicos registaram uma redução da sua remuneração entre 2010 e 2017, sendo menos 1,3% nos médicos generalistas e de menos 0,9% nos médicos especialistas, em termos médios anuais.
Despesa das famílias portuguesas subiu
Os gastos diretos das famílias em saúde cresceram em Portugal entre 2009 e 2017 e já representavam 28% das despesas nacionais em saúde, além de ter aumentado o número de portugueses com seguros privados de saúde.
Segundo o relatório, em 2017 eram já 27% os portugueses que tinham um seguro privado de saúde, quando em 2000 não chegavam a 20%. Os pagamentos do “próprio bolso” (‘out of pocket’) feitos pelos portugueses representavam em 2017 um valor de 28% do total de gastos em saúde. Em contrapartida, o Estado assume 65% da despesa nacional com saúde.
Segundo a análise da OCDE, em 2003 os gastos diretos das famílias com saúde (dos quais se exclui o pagamento de impostos) representavam pouco mais de 20%.
Com Lusa
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