A propósito do Dia Internacional das Lesões na Coluna Vertebral, que se assinala a 5 de setembro, um novo estudo revela que, a incidência das lesões traumáticas vertebro medulares (LTVM) na população portuguesa é relativamente alta, com 21,9 casos por milhão de habitantes.
Desenvolvido na Escola de Medicina da Universidade do Minho e coordenado pelo Professor Rui Duarte, médico ortopedista e coordenador da campanha ‘Olhe pelas suas costas’, o estudo ‘Epidemiology of traumatic spinal cord injury in Portugal’ foi desenvolvido pela Escola de Medicina da Universidade do Minho e analisou dados de hospitais públicos portugueses, entre agosto de 2020 e julho de 2023, identificando 679 novos casos de LTVM neste período.
O estudo identifica as quedas (60,1%) e os acidentes de viação (24,9%) como as principais causas de lesões traumáticas vertebro medulares. A população idosa tem um risco acrescido, sendo as quedas a principal causa de tetraplegia neste grupo.
A investigação demonstrou ainda uma taxa de mortalidade hospitalar de 15,2% associada às LTVM, um valor superior às médias europeias. A idade avançada e a gravidade da lesão neurológica foram identificadas como fatores de risco cruciais para a mortalidade dos doentes.
Em termos de características demográficas, o estudo encontrou uma diferença na distribuição por idade e sexo, revelando que a maioria dos doentes afetados eram homens (74,7%), principalmente mais jovens. Já no género feminino, as mulheres mais velhas eram as mais afetadas.
Rui Duarte, orientador do estudo e coordenador da campanha ‘Olhe pelas Suas Costas’, considera que: “Estes resultados demonstram, sem dúvida, a necessidade urgente de implementar medidas eficazes de prevenção destas lesões, especialmente na população idosa. Aumentar a consciencialização para a importância de cuidar da nossa coluna e ter atenção aos perigos que podem resultar de várias atividades do nosso dia a dia é fundamental. Temos percorrido este caminho através de várias iniciativas realizadas no âmbito da campanha ‘Olhe pelas Suas Costas’ e pretendemos continuar a fazê-lo.”
A sensibilização para os riscos de quedas, adaptação de espaços públicos e habitações, e a promoção da atividade física são pontos chave para reverter este cenário, mas importa ainda melhorar os cuidados de saúde nesta área. “Investir em centros especializados no tratamento de LTVM, detentores de tecnologias médicas avançadas, com equipas multidisciplinares, deve também fazer parte do plano para garantirmos o acesso dos doentes aos cuidados de saúde que necessitam”, acrescenta o coordenador da campanha ‘Olhe pelas Suas Costas’.
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