O bastonário da Ordem do Psicólogos defendeu hoje uma maior intervenção destes profissionais numa altura de turbulência social e lamentou que esta classe esteja tão subaproveitada em Portugal.

“Nós sabemos que a intervenção psicológica pode ser extremamente útil num conjunto de problemas e mais ainda em alturas de crise em que os problemas têm tendência a agudizar-se”, disse Telmo Mourinho Baptista à agência Lusa, a propósito do 1.º Congresso Nacional da Ordem dos Psicólogos, que tem início hoje em Lisboa.

Em situações de crise aumentam as baixas por depressão, o consumo de antidepressivos, o número de suicídios, situações que poderiam ser reduzidas com o contributo destes profissionais.

“Temos um papel importantíssimo no trabalhar com as pessoas para impedir algumas destas situações e minorar outras" em termos de consultas e de melhoria do acesso aos centros de saúde na prestação de auxílio direto às pessoas, argumentou o bastonário.

Para o bastonário, o país devia “aproveitar melhor os recursos que os psicólogos podem pôr à disposição das pessoas” em áreas como a saúde, educação e empresas.

“Os psicólogos podem dar contributos decisivos para melhorar o estado das pessoas”, vincou, acrescentando: “Temos problemas significativos para os quais o contributo da psicologia é muito importante e deveríamos tentar fazer com que estes recursos sejam verdadeiramente aproveitados como é feito noutros países”.

Um desses problemas é o suicídio, que está a aumentar em Portugal. Para combater esta situação, Telmo Baptista defendeu que é preciso “saber sinalizar adequadamente as pessoas que estão em risco”.

Para isso, sustentou, deve ser criado um sistema de sinalização através dos serviços para que as pessoas em risco possam recorrer de imediato e também ter uma resposta imediata à sua situação de extrema gravidade.

Outro problema apontado por Telmo Baptista são as depressões, que têm custos elevados para o doente e para o Estado.

Segundo o bastonário, “as alternativas psicológicas têm dado provas em muitos lugares do mundo [na luta contra esta doença]. São alternativas válidas, focadas, breves e que têm um custo/eficácia grande, comparativamente com outros aspetos como seja a medicação”, observou.

“Estamos numa altura em que se deve considerar se queremos criar soluções que permitam resolver problemas e não deixar que eles se agravem, porque o custo do seu agravamento é muito grande e tem muitas consequências”, não só a nível do suicídio, mas também na área do trabalho, com um elevado número de baixas.

Sobre os problemas que afetam a classe, o bastonário apontou a falta de emprego: “Há muito subemprego porque ainda não há na sociedade portuguesa o número de lugares e espaços suficientes para cobrirem as necessidades, em termos gerais, de psicologia”.

“Precisamos de despertar as pessoas para que entendam o que podem beneficiar da intervenção da psicologia e isso também resolveria uma parte do problema, que é o problema de desemprego dos profissionais”, rematou.

O Congresso Nacional da Ordem dos Psicólogos, que decorre até sábado no Centro Cultural de Belém, reúne cerca de 1.800 profissionais que irão debater soluções para a crise na área da saúde, educação e organizações, além das questões relacionadas com a classe.

18 de abril de 2012

@Lusa