A decisão do Ministério da Saúde de ceder ao Algarve, durante o verão, dois ortopedistas e um anestesista da Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste “não faz qualquer sentido”, na avaliação do dirigente social-democrata.
Jorge Fidalgo vincou, em declarações à Lusa, que se durante o verão as carências aumentam no Algarve devido à procura turística, também na região de Bragança “a população duplica ou triplica” com o regresso dos emigrantes para férias.
Além disso, acrescentou, “é o próprio Governo que reconhece que há falta de ortopedistas e anestesistas no distrito de Bragança”, pelo que – disse - a região foi “apanhada de surpresa” por esta decisão.
A ULS do Nordeste informou, na quarta-feira, que cedeu temporariamente, de julho a setembro, três médicos especialistas ao Algarve para atenuar a escassez verificada em algumas especialidades naquela zona durante o verão.
Segundo explicou, tratou-se de uma decisão tomada em conjunto com a Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte, no âmbito da partilha de recursos humanos, “dentro do espírito de entreajuda e de respostas às necessidades onde é necessária”.
Os responsáveis pela saúde na região asseguraram ainda que a deslocação “não afetará os serviços” localmente.
“É uma mensagem falsa que se passa”, retorquiu o presidente da Distrital do PSD, apontando as carências crónicas de profissionais de saúde no Nordeste Transmontano.
Embora não se trate das mesmas especialidades, Jorge Fidalgo, exemplificou com o caso do Centro de Saúde de Vimioso, onde é presidente da Câmara, e que “entre 15 de agosto e 15 de setembro irá funcionar só com um médico 14 horas por dia, todos os dias da semana”.
O dirigente do PSD insistiu na “revogação imediata da decisão” da cedência de médicos, ressalvando que “não está em causa a solidariedade” entre duas regiões do país.
Jorge Fidalgo, não acredita contudo que “não existam no Porto ou em Coimbra ortopedistas e anestesistas disponíveis” para reforçarem os hospitais do Algarve.
Os dois deputados do PSD eleitos por Bragança, José Silvano e Adão Silva, já questionaram o Ministério da Saúde sobre esta medida, argumentando que “não faz qualquer sentido” e que “nunca aconteceu no passado”.
Os parlamentares lembram “as carências de médicos ortopedistas e anestesistas nos hospitais de Bragança, que se traduz em alguns atrasos nas respostas mais prontas que se exigem em cirurgias ortopédicas".
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