A professora associada de Neurologia na Universidade Johns Hopkins não tem dúvidas: "Sentimo-nos melhor, com mais energia e mais ideias" quando dormimos mais.

"O humor melhora e temos mais motivos para nos envolvermos e compartilharmos ideias", afirma Rachel Salas, médica e especialista em distúrbios do sono, que não descura os efeitos positivos do sono ponto de vista físico: segundo a cientista, dormir pouco aumenta a possibilidade de "ganhar peso e parecer cansado", relata à BBC, citando evidência científica.

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Sono: a evidência

Dormir faz bem, mas provavelmente não anda a dormir o suficiente. Mas já lá vamos. Um estudo norte-americano de 2018 mostrou que os estudantes que dormiam pelo menos oito horas por noite tinham melhor desempenho nas provas. Uma investigação da Universidade de Michigan, em outubro, identificou que a falta de sono afetava a memória e o desempenho no trabalho em todas as áreas, desde a panificação à cirurgia.

Outro estudo descobriu que duas noites seguidas com menos de seis horas de sono poderiam deixar as pessoas lentas durante os seis dias seguintes.

Um estudo de coorte levado a cabo na Suécia publicado em 2019, que analisou mais de 40.000 participantes ao longo de 13 anos, descobriu que aqueles que dormiam por períodos curtos tinham taxas de mortalidade mais altas do que aqueles que não dormiam, especialmente entre os maiores de 65 anos.

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A maioria das pessoas sabe que dormir mais é bom. O problema é que o trabalho, as crianças, as redes sociais, os amigos e o dia a dia podem levar-nos a subestimar o poder de uma hora extra de sono, acredita a cientista norte-americana.

Rachel Salas alerta que os maus hábitos das pessoas tendem a prolongar-se por tanto tempo que acabam por provocar problemas de saúde acumulados. Excesso de peso, enxaqueca ou fadiga, por exemplo. As pessoas que dormem pouco também ficam mais suscetíveis à apneia do sono ou a períodos de sonolência durante o dia, alerta a médica.

Mesmo que se faça dez horas de sono, se esse valor não estiver de acordo com o seu ritmo circadiano, poderá ser uma pessoa privada de sono

O tempo certo?

Rachel Salas diz à BBC que idealmente se deveria fazer as duas coisas. Reut Gruber, professor associado de psiquiatria do Laboratório do Sono da Universidade McGill, em Montreal, Canada, defende que, embora não haja um número mágico recomendável, existe uma maneira de se descobrir o tempo de sono adequado: quando estiver de férias e não tiver compromissos, vá para a cama num horário razoável e acorde naturalmente. Observe quantas horas dorme: esse número é o seu novo objetivo noturno.

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"Uma vez que este [número] tenha sido determinado, cumpra-o de qualquer maneira", diz Gruber. "Construa uma agenda para que possa ir para a cama à hora certa" e adote esse cronograma no seu dia a dia.

A BBC escreve que vários especialistas acreditam que, ao final de vários anos, o ser humano acaba privado de horas de sono sem se aperceber disso: sentem-se bem, mas não dormem o suficiente e no futuro ressentir-se-ão.

Por outro lado, as escolhas feitas durante o dia influenciam a qualidade do sono: evitar café ou álcool em excesso poderá ser fundamental para evitar alterações no ritmo circadiano - relógio interno - do organismo. Fazer exercício poderá ajudar a relaxar mais durante a noite.

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"Mesmo que se faça dez horas de sono, se esse valor não estiver de acordo com o seu ritmo circadiano, poderá ser uma pessoa privada de sono", diz Salas. O ciclo circadiano é um processo biológico que dura 24 horas e marca o ritmo da nossa existência - os nossos horários para dormir, acordar e comer, por exemplo.

Melhorar a qualidade do sono é uma daquelas grandes decisões de saúde que podem dar um "retorno" do "seu investimento", diz Salas. Reservar um período de sono para descobrir de quanto tempo o seu corpo precisa e depois seguir essa rotina pode ser um dos melhores investimentos que se faz na vida, acredita a cientista. "Ser mais esperto no trabalho é ótimo, mas estar vivo é ainda melhor", adverte.