17 de maio de 2013 - 09h16
Os portugueses estão a procurar menos a ajuda dos nutricionistas, principalmente nas consultas privadas, por dificuldades económicas, situação em que as escolhas alimentares são ainda mais importantes.
"Na privada não há dúvida, isso é claríssimo, e no Serviço Nacional de Saúde começa a haver redução das consultas por causa da taxa moderadora", referiu Nuno Borges da direção da Associação Portuguesa dos Nutricionistas, em declarações à agência Lusa.
"A noção que temos é que as consultas médicas em geral têm vindo a reduzir provavelmente por causa das taxas", acrescentou.
No setor privado, embora não haja números, a experiência dos profissionais leva Nuno Borges a concluir que "isso é indiscutível".
O especialista, que falava à agência Lusa a propósito do Dia Europeu de Combate à Obesidade, que se assinala no sábado, salientou a relevância da educação alimentar das populações, num contexto de redução progressiva de recursos.
"Cada vez a parte das escolhas alimentares é mais importante, é preciso muito mais critério para escolher aquilo que se come quando os recursos são mais reduzidos, e aí o papel dos profissionais de nutrição é muito útil", defendeu.
E para Nuno Borges, "é possível comer bem por pouco dinheiro, [mas] é preciso é saber", ou seja, há um "custo inteletual" pois é necessário aprender, procurar informação acerca das opções mais corretas de alimentos e mudar alguns comportamentos.
Substituições na hora do supermercado
A Associação Portuguesa dos Nutricionistas tenta ajudar e divulga no seu site livros sobre comida saudável barata.
No que respeita às escolhas dos alimentos, "em algumas coisas há melhorias", referiu Nuno Borges e lembrou que os dados sobre as compras nos supermercados até há seis meses atrás "não mostravam grandes diferenças, havia alguma mudança de vaca para frango, por exemplo, mas isso não é necessariamente mau em termos de saúde".
Por outro lado, "os produtos hortícolas podem estar a reduzir as vendas, [pois] são muito dispendiosos, mas há mais gente a cultivar para consumo próprio, fator que é muito difícil medir", acrescentou.
A maioria dos portugueses que procuram os nutricionistas têm problemas de peso e metabólicos associados ao excesso de peso, como a diabetes.
Aliás, embora os dados sobre a prevalência de obesidade estejam "mais ou menos estáveis", aqueles relativos ao excesso de peso têm vindo a aumentar, como referiu Nuno Borges.
Nos países com desenvolvimento razoável, como "Portugal ainda é", os mais obesos estão entre a população com menos recursos, "porque os mais pobres comem pior, não sabem cozinhar ou não têm disponibilidade nem paciência para cozinhar", acrescentou.
Na análise da obesidade infantil, "onde estamos muito mal, muito pior do que na obesidade dos adultos", a incidência é maior entre crianças de nível socio-económico mais baixo, explicou ainda o especialista.
Lusa