Os portugueses gastam uma média de sete milhões de euros por mês em antibióticos, sendo Portugal o sexto país da Europa com maior consumo deste tipo de medicamentos, com alguns riscos para a saúde.

Segundo dados da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed), nos últimos cinco anos foram gastos, em média, por ano, mais de 100 milhões de euros em antibacterianos.

Os dados mais recentes, relativos a 2009, indicam que foram gastos pelos portugueses 93 milhões de euros em antibióticos, enquanto as comparticipações do Serviço Nacional de Saúde foram superiores a 62 milhões de euros. No total foram compradas mais de sete milhões de embalagens.

Os meses de junho a setembro foram os que tiveram gastos mais baixos e de novembro a março é quando mais se gasta.

O problema da resistência aos antibióticos foi escolhido pela Organização Mundial de Saúde para assinalar este ano o Dia Mundial da Saúde, que hoje se comemora.

O especialista José Artur Paiva recordou, em declarações à agência Lusa, que Portugal é o sexto país europeu com mais elevado consumo de antimicrobianos.

“Estamos entre os países da Europa com uma taxa de consumo elevada. Quanto mais elevada for a utilização dos antibióticos mais as bactérias vão aprender a resistir a eles e mais difícil é tratar as infeções”, alertou o médico, responsável pela urgência do Hospital de São João, no Porto.

A Direção-Geral da Saúde criou há alguns anos um Programa Nacional de Prevenção das Resistências aos Antimicrobianos, com o objetivo de sensibilizar médicos e cidadãos para os riscos de uma má utilização destes remédios.

“Pretende-se sensibilizar ainda mais os médicos para uma utilização racional e tentando também reduzir o espectro do antibiótico a usar”, referiu Artur Paiva.

É ainda importante diminuir a expetativa dos doentes, indicando que o antibiótico não serve para qualquer infeção e que tem os seus riscos.

“Ao tomar quando não é necessário estamos a selecionar dentro de nós bactérias cada vez mais resistentes e difíceis de tratar e podemos passar essas bactérias até às pessoas que vivem connosco”, alertou.

Os especialistas lembram ainda que a maioria das infeções são causadas por vírus, em que os antibióticos não atuam. A única pessoa capaz de fazer a avaliação da necessidade do antibiótico é o médico, daí que a auto-medicação seja totalmente desaconselhada.

Para os pais, é importante lembrar que caso se abuse dos antibióticos nas crianças se corre o risco de criar uma população “portadora de micróbios cada vez mais resistentes”.

José Artur Paiva aconselha ainda os portugueses a devolverem na farmácia os antibióticos que sobrem depois da toma prescrita pelo médico: “Quando as sobras ficam em casa, há a tentação de tomar os comprimidos que sobraram quando surge novo episódio de infeção”.

06 de abril de 2011

Fonte: LUSA/SAPO