De acordo com Artur Correia, as amostras recolhidas ao paciente suspeito, que chegou no sábado a Cabo Verde, vindo de Portugal, seguem ainda hoje para serem analisadas no laboratório de referência português.

“Se tudo correr normalmente, contamos ter uma resposta amanhã [quarta-feira]”, explicou o Diretor Nacional de Saúde de Cabo Verde, Artur Correia, sublinhando tratar-se do primeiro e único caso suspeito do novo coronavírus até ao momento no país.

O responsável acrescentou que Cabo Verde passará a ter capacidade “nos próximos dias” para fazer estes testes de despistagem do Covid-19, epidemia provocada por um novo coronavírus.

“Estamos a instalar os equipamentos. Serão feitas no Laboratório de Virologia do Instituto Nacional de Saúde Pública, aqui em Cabo Verde”, explicou Artur Correia.

O caso suspeito do novo coronavírus em investigação na ilha de São Vicente é um cidadão cabo-verdiano – presumivelmente o escritor Germano de Almeida -, que esteve num evento em Portugal com um caso de Covid-19 confirmado, disse na segunda-feira o ministro da Saúde de Cabo Verde.

O anúncio foi feito pelo governante, Arlindo do Rosário, numa declaração à imprensa ao início da noite, no Hospital Dr. Baptista de Sousa, no Mindelo, ilha de São Vicente, mas sem adiantar mais pormenores ou identificando a pessoa em questão, que já se encontra internado e em situação “estável” naquela unidade hospitalar.

O ministro da Saúde disse apenas que o caso se enquadra nos requisitos para ser analisado e despistado como tal e que a pessoa em causa esteve recentemente em Portugal, “num evento com um caso” do novo coronavírus “confirmado”.

Este anúncio surgiu pouco depois de o escritor cabo-verdiano Germano de Almeida ter confirmado à comunicação social local que, devido à sua participação num festival literário em Portugal juntamente com o escritor chileno Luís Sepúlveda, diagnosticado com o novo coronavírus, iniciou, na ilha de São Vicente, um período de quarenta, de forma voluntária.

O escritor cabo-verdiano, de 74 anos, vencedor em 2018 do Prémio Camões, regressou ao Mindelo no sábado, depois de ter participado no festival literário Correntes d’Escritas, realizado de 15 a 23 de fevereiro na Póvoa de Varzim.

Sem apontar nomes, o ministro da Saúde disse apenas que a pessoa já “está internada” e que foi, entretanto, sujeita a “uma bateria de exames”.

“Vamos aguardar a evolução”, disse o ministro da Saúde, numa declaração sem direito a perguntas e garantindo apenas que a prioridade do Governo de Cabo Verde é a deteção de casos suspeitos.

“Contenção e resposta”, acrescentou Arlindo do Rosário.

O surto de Covid-19, detetado em dezembro, na China, e que pode causar infeções respiratórias como pneumonia, provocou mais de 3.000 mortos e infetou quase 90 mil pessoas em 67 países.

Das pessoas infetadas, cerca de 45 mil recuperaram.

Além de 2.912 mortos na China, há registo de vítimas mortais no Irão, Itália, Coreia do Sul, Japão, França, Hong Kong, Taiwan, Austrália, Tailândia, Estados Unidos da América e Filipinas.

“A ideia é retardar ao máximo possível a chegada do coronavírus no país”, afirmou, na sexta-feira, o primeiro-ministro, sobre o plano de emergência que foi ativado pelo Governo, no valor de 700.000 euros, para lidar com a epidemia de Covid-19.

“Não é possível fechar as fronteiras do mundo. Então, até que o controlo seja efetivo, temos de estar preparados, sem dramatizar e criar alarmes oportunistas para tirar proveitos de situações que atingem a globalidade do mundo”, acrescentou Ulisses Correia e Silva.

Preventivamente, o Governo cabo-verdiano já suspendeu, por um prazo de três semanas, até 20 de março, mas que pode ser prorrogado, todas as ligações aéreas de Itália, destino emissor de 30.000 turistas anuais para o arquipélago.