Teresa Bombas, Médica Ginecologista e presidente da SPDC créditos: HSJ

Qual é o maior legado do uso dos métodos de contraceção nos últimos 60 anos?

A pílula chegou ao mercado em 1960 e veio introduzir alterações significativas na sociedade contracetiva. Fazendo uma retrospetiva, verificamos que se deram alterações a diferentes níveis. Por um lado, a reprodução e o sexo tornaram-se independentes e, por isso, começou a existir um maior planeamento familiar. Por outro lado, as mulheres assumiram um novo papel na sociedade e na estrutura familiar, ou seja, começaram a trabalhar fora de casa, a definir estratégias profissionais individuais e a contribuir ativamente para o rendimento familiar.

Existem métodos de contraceção melhores que outros? 

Não existem, propriamente, métodos melhores que outros. No entanto, existem métodos de contraceção que são mais seguros do que outros para a saúde da mulher e outros que, por sua vez, são mais eficazes na prevenção da gravidez.

Devemos, assim, pensar que não existe um método ideal para todas as mulheres, mas existe com certeza um método que será o ideal para uma mulher específica, seguro para a sua saúde e em sintonia com as suas expetativas.

Mulheres que induzem o vómito por sistema não devem usar pílula, mas sim anel vaginal, selo ou outro método de longa duração

O preservativo masculino ainda é o método mais eficaz na contraceção e mais seguro na diminuição do risco de DSTs?

O preservativo masculino e o preservativo feminino são os únicos métodos que previnem simultaneamente uma gravidez não desejada e uma doença de transmissão sexual.

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O que é a contraceção intrauterina e em que situações é que é uma boa alternativa?

É uma forma de contraceção que atua especificamente dentro do útero. Apresenta vantagens como: a comodidade do uso (não tem toma diária, semanal, mensal ou trimestral); é uma contraceção de longo prazo (de 3, 7 e 10 anos); pode ser hormonal, mas sem estrogénios (como por exemplo, implante subcutâneo e SIU, com duração de 3 e 7 anos) e não hormonal (como é o caso do DIU de cobre, com duração de 10 anos).

A contraceção pode ter efeitos no peso corporal e na doença vascular? A toma da pílula acarreta riscos para a mulher?

A contraceção hormonal combinada (pílula, anel vaginal e selo) é segura para mulheres saudáveis. A maioria das utilizadoras não verifica impacto no peso, ou seja, não engorda nem fica com varizes. Contudo, existe uma variação individual às hormonas e pode haver mulheres que aumentem de peso, mas o número é muito reduzido. Nesta situação, devem falar com o seu médico e alterar o método contracetivo.

Relativamente às varizes, estas não aparecem nas utilizadoras de pílula, anel vaginal e selo. As mulheres com tendência para o desenvolvimento de varizes podem ter agravamento dos seus sintomas com a toma da pílula (sensação de perna pesada). Nesta situação, devem optar também por outro método.

O programa de educação sexual está muito bem elaborado e adaptado aos vários níveis de escolaridade. Mas apesar de obrigatório, não é uma realidade para todos os jovens

A contraceção é segura em doentes com distúrbios alimentares?

Sim, deve é ser adaptada a forma de utilização da contraceção ao comportamento da doente. Ou seja, mulheres que induzem o vómito por sistema não devem usar pílula, mas sim anel vaginal, selo ou outro método de longa duração.

O que é a contraceção definitiva? Pode ser uma boa solução em que situações?

A contraceção definitiva corresponde à utilização de métodos de contraceção irreversíveis. Podem ser femininos (laqueação tubar) e masculinos (vasectomia) e utilizados por indivíduos que não desejam ter filhos ou ter mais filhos. São definitivos.

Porque é que a contraceção de emergência ainda está envolta em vários mitos? É segura e não tem efeitos secundários?

A contraceção de emergência hormonal é segura e pode ser utilizada por todas as mulheres. Deve ser utilizada sempre que ocorre uma relação sexual não protegida ou incorretamente protegida e a mulher não pretende correr o risco de gravidez. Pode ser repetida sempre que necessário, pois não tem efeitos negativos sobre a fertilidade, nem efeitos secundários importantes. Obviamente, este método é menos eficaz na prevenção da gravidez que os métodos de contraceção de uso regular (pílula, anel vaginal, selo e métodos de longa duração, como injetável, implante subcutâneo, SIU e DIU). Por este motivo, deve ser utlizada em situações pontuais de risco de gravidez e não como um método contracetivo regular.

Existe uma idade específica para uma primeira consulta de planeamento familiar?

Não existe uma idade específica, mas sim uma necessidade. Esta necessidade pode ser de contraceção, informação ou alterações relacionadas com o desenvolvimento pubertário, alterações menstruais, acne, excesso de pelos, entre outros.

Acha que o programa nacional de educação deveria ter um reforço de conteúdos relacionados com a Educação Sexual? Porquê e em que idades?

Existe uma lei que regulamenta a educação sexual nas escolas desde 2009. O programa de educação sexual está muito bem elaborado e adaptado aos vários níveis de escolaridade, sendo transversal a várias disciplinas. Mas apesar de obrigatório, não é uma realidade para todos os jovens. Sabemos que a educação sexual é um dos pilares para uma sexualidade segura e, segundo dados nacionais, os jovens com acesso a educação sexual tendem a ter comportamentos sexuais mais seguros.

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