As mulheres portuguesas ainda são adeptas da pílula?
Em Portugal, sabe-se que cerca de 94% das mulheres sexualmente ativas usam métodos contracetivos e a pílula continua a ser o método mais utilizado.
É verdade que a pílula contracetiva ajuda no tratamento da acne?
Há 30 anos que não existia uma pílula com indicação formal para tratamento do acne ligeiro a moderado, mas este ano, a Agência Europeia do Medicamento (EMA) anunciou esta indicação para a pílula que contém dienogest 2 mg e etinilestradiol 0,03 mg como nova opção de tratamento. Esta foi uma das novidades discutidas na Reunião da Sociedade Portuguesa de Contraceção com um momento de debate entre vários especialistas nacionais.
A acne é, provavelmente, a doença cutânea mais frequente, afetando 85% a 100% da população
A acne pode ser controlada de que forma?
Segundo um estudo do Portuguese Acne Advisory Board, a acne vulgar é, provavelmente, a doença cutânea mais frequente, afetando 85% a 100% da população em qualquer momento da sua vida.
Geralmente é um problema que aparece sobretudo nas pessoas mais jovens e durante a adolescência, especificamente nas mulheres até aos 25 anos de idade, e é por isso algo frequente devido às variações hormonais do desenvolvimento.
Em casos menos graves não é necessário nenhum cuidado adicional para além de uma boa higiene diária. Em casos de acne moderados e graves as mulheres devem dirigir-se ao médico para iniciar terapêuticas de uso tópico ou oral.
A contraceção hormonal combinada, ao instituir níveis hormonais constantes, com hormonas com capacidade anti produção de sebo e oleosidade, pode ajudar na questão da acne e surgir como tratamento complementar no caso de uma das opções anteriores se revelar insuficiente. A EMA aprovou recentemente esta indicação na pílula contracetiva que contém dienogest 2 mg e etinilestradiol 0,03 mg.
A pílula reduz em 50% o risco de cancro do ovário e do endométrio
A utilização da pílula contracetiva tem riscos?
Na verdade, a contraceção tem sobretudo vantagens. A contraceção é um dos pilares do planeamento familiar, evita a gravidez indesejada e possibilita aos casais viver a sexualidade de uma forma mais gratificante e segura. Para além da pílula ser um dos medicamentos mais estudados, é também o método de contraceção mais utilizado, sendo usada por milhões de mulheres em todo o mundo. É muito importante que as mulheres se aconselhem com o seu médico (ginecologista ou de medicina familiar) para se poder instituir a pílula ou outro método que mais se adeque às suas características e hábitos.
Para além dos benefícios contracetivos, a mulher irá assim regularizar os ciclos menstruais, melhorar a tensão pré-menstrual e a dismenorreia, diminuir o risco de Doença Inflamatória Pélvica, reduzir em 50% o risco de cancro do ovário e do endométrio, entre outras vantagens.
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É verdade que a pílula aumenta o risco de AVC ou tromboembolismo?
É importante que as mulheres compreendam que o tromboembolismo venoso causado pela utilização da pílula é raro. Desde o surgimento da pílula, a investigação tem sido permanente no sentido da redução dos riscos, com diminuição da dose de estrogénios, a introdução recente de estrogénios naturais e o desenvolvimento de progestativos com uma ação progressivamente mais seletiva e cada vez mais segura.
No entanto é importante que não se descurem, no aconselhamento junto do seu médico, outros fatores de risco como idade, obesidade, tabagismo e coexistência de doenças médicas (diabetes, hipertensão arterial, trombofilias…), que trazem um risco acrescido no surgimento de um evento deste género.
A pílula é segura ou deve haver outros cuidados associados para evitar uma gravidez?
A pílula, enquanto método de contraceção pode ser recomendado em qualquer grupo etário e, desde que não haja esquecimento é eficaz para se evitar a gravidez não planeada e é 99% eficaz. O preservativo é o método complementar ideal à pílula, pois só a associação dos 2 permite a redução do risco das infeções sexualmente transmissíveis e este beneficio em saúde deve sempre ser tido em conta.
A eficácia da pílula é ameaçada em que tipo de situações?
A eficácia da pílula está comprometida sempre que existe esquecimento da toma correta da mesma, se houver episódios de vómitos ou diarreia nas quatro horas após a toma ou se a pessoa estiver a fazer outros medicamentos que interfiram com a pílula.
Nestes casos, deve ter-se atenção em fazer um método de contraceção adicional (uso do preservativo) ou, no caso de a relação sexual ter ocorrido sem qualquer proteção extra, deve ser considerado a toma da contraceção de emergência.
As explicações são de Cláudio Rebelo, médico ginecologista e obstetra no Hospital CUF Porto.
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