11 de fevereiro de 2014 - 15h15

O secretário regional da Saúde dos Açores, Luís Cabral, disse hoje que existem 9.286 doentes em listas de espera cirúrgicas nos três hospitais da região, mas justificou o aumento deste valor com as pequenas cirurgias.

"A limitação não está na disponibilidade de cirurgiões, de enfermeiros ou salas de bloco", destacou o governante, adiantando que "não há motivo para que as listas de espera de pequenas cirurgias estejam a contribuir para o número total de açorianos à espera de uma cirurgia".

Luís Cabral falava no Parlamento dos Açores, na cidade da Horta, durante uma interpelação do CDS/PP ao Governo Regional a respeito das políticas de Saúde, que os centristas consideram que não respondem às necessidades dos açorianos.

Artur Lima, deputado do CDS/PP, lamentou o aumento das listas de espera e defendeu a realização de uma auditoria ao Serviço Regional de Saúde, para perceber onde foram gastos "sete milhões de euros no combate às listas de espera".

"Então, investe-se sete milhões e multiplica-se por nove o número de doentes em listas de espera?", questionou o parlamentar centrista, que entende que "alguma coisa não está certa" e tem de ser clarificada.

Luís Maurício, da bancada do PSD, por seu turno, defendeu que o problema só se resolve com a implementação de um programa que defina tempos máximos de espera para cada cirurgia.

"Findo esse tempo máximo de espera, esses doentes passam para regimes de produção cirúrgica adicional, isto é, são operados fora do tempo normal de trabalho dos profissionais, ao final de tarde e ao fim-de-semana", sugeriu o deputado social-democrata.

O secretário regional da Saúde disse já estar a trabalhar na resolução do problema e adiantou que o programa de incentivos à fixação de médicos, agora alterado, vai também permitir trazer mais especialistas para os Açores, ao atribuir novos apoios financeiros a esses profissionais.

Uma alteração que é contestada, no entanto, por Artur Lima, que entende
que "é um erro" alterar este regime de apoios porque, na prática, vai
incentivar a vinda de "mercenários" para os Açores, que "vêm cá ganhar
dinheiro e depois vão-se embora".

Luís Cabral revelou, no entanto, ter "resultados positivos" deste novo
regime de fixação de médicos, garantindo já existirem vários
profissionais interessados em vir trabalhar para o arquipélago.

O CDS/PP voltou também a criticar a "negociata" que considera existir
relativamente ao projeto do Centro de Radioterapia nos Açores, que no
seu entender ainda não está implementado no hospital da ilha Terceira
porque o Governo Regional estará a defender "interesses privados".

Uma acusação já feita anteriormente que levou, desta vez, o presidente
do Governo dos Açores, Vasco Cordeiro, a sugerir que o CDS/PP apresente
uma queixa-crime na justiça, se entender que existe um "caso de
polícia".

"E se realmente tem a coragem que aparenta ter, é isso que o senhor deve
fazer, é apresentar uma queixa-crime por uma negociata. E o Governo cá
está para explicar aquilo que deve explicar", desafiou o chefe do
executivo, já no final do debate parlamentar.

Lusa