A vida está cheia de assuntos que urgem debate e uma peremptória resolução, pelo que é necessário priorizá-los. Como a guerra, a fome no mundo e o aquecimento global não estão na moda e carecem de seriedade, é necessário falar de coisas importantes como as calças do primeiro ministro, a mudança de estação da Cristina Ferreira ou a orientação sexual de fantoches.

Segundo uma entrevista publicada na revista Queerty, Mark Saltzman - argumentista e criador das personagens da Rua Sésamo, Egas e Becas, revelou que a famosa dupla das produções Jim Henson é um casal gay. Muita gente não terá reagido bem à notícia, talvez por pensarem que o nome Egas era uma homenagem a Egas Moniz, pelo olhar de lobotomizado da personagem, e que Becas seria o diminutivo de Isabel, sentindo-se ignorantes por terem passado tantos anos enganados no género. Eu recebi a notícia com espanto, apenas porque sempre achei que casais com nomes parecidos nunca durassem muito tempo. Todos nós conhecemos um casal cujos nomes são João e Joana, Alexandre e Alexandra, Maria e Mário, que não subsistiram aos sinais dos tempos, pelo que fico contente que o Egas e o Becas se mantenham juntos e apaixonados passados tantos anos. O evoluir natural da relação levá-los-á a adoptarem um DOT ou um agapito bebé. Há rumores de que a relação começou logo no início do programa, quando foram encontrados juntos em posições dúbias dentro de uma máquina de lavar na 5àsec, a meio de uma lavagem a baixas temperaturas, para acalmar os ânimos dos peluches. Dizem as más línguas que a relação ter-se-á intensificado durante um tratamento anti-ácaros.

Outra notícia em primeira mão é que o SpongeBob é bêbado. Soube-se, recentemente, que é um nome de praxe dado quando estudou engenharia agropecuária em Coimbra

O problema destas notícias virem para a praça pública é que, atrás delas, vêm outras. Não queria que soubessem isto por mim, mas sinto que me merecem esta sinceridade e respeito. Convém, contudo, puxarem uma cadeira e sentarem-se, porque são informações fortes que merecem medidas de segurança. Então cá vai: a cadeia de hipermercados Continente esteve para fechar após ter-se descoberto que a Leopoldina andou enrolada com o Poupas, tendo nascido o Tweety. A personagem da Rua Sésamo não quis assumir a paternidade, dizendo:

«- A única vez que estivemos juntos foi na gravação do videoclip do "Mundo encantado dos brinquedos" e foram só bicadas. Antes disso, nem a conhecia. »

Pelo que se aguarda o resultado dos testes de ADN.

A cadeia de hipermercados abafou outro assunto, o caso da Popota, que se soube já ter abortado quatro vezes, uma delas de gémeos, e teve que fazê-lo em Espanha porque, à data dos factos, ainda não era permitido em Portugal. Não se sabe quem eram os pais das crianças e, ao que parece, estes nunca souberam que ela esteve grávida. Até se diz que, numa das viagens ao país vizinho, chegou a abrir uma conta em Vigo por causa das transacções.

Outra notícia em primeira mão é sobre o Timon e o Pumba que, no meio artístico, toda a gente sabe que são meios-irmãos. Consta-se que a mãe do Pumba era conhecida como a Pimba, por ser muito dada a todos os animais e se envolver com outras espécies em festas na savana, todos regadas com muito álcool. Uma noite, após ter bebido muita fruta fermentada, viu algo erguer-se na região frontal de um urso e perdeu as estribeiras. Só no dia seguinte se apercebeu que era um Suricata que se encontrava à frente do urso e se tinha elevado nas patas traseiras, à procura dos amigos.

Outra notícia em primeira mão é que o SpongeBob é bêbado. Soube-se, recentemente, que é um nome de praxe dado quando estudou engenharia agropecuária em Coimbra. "Esponja" pela capacidade de beber de penálti e cantar noite dentro a música "traçadinho". Já o nome "Bob" deve-se a, após uma noite de copos, ter tatuado em cada nádega a consoante "B".

Mas os escândalos não se ficam por aqui. A Ariel não era uma sereia, mas apenas uma medricas. A verdade é que tinha uma vaginose bacteriana que justificava todo aquele odor fétido a lota. Como tinha pavor a médicos, optou por arranjar um fato de rabo de peixe, para obnubilar o cheiro, e atirou-se ao mar para melhorar os cuidados de higiene.

Já a Pocahontas teve uma história mais triste, fruto da época em que se via inserida. Devido ao machismo que vigorava nesses tempos, queriam que casasse com o Kocoum para ver se assentava. Nenhum pai queria uma rapariga com aquela idade e em trajes menores no meio do mato.

O que custa em toda esta problemática é darem ênfase ao Egas e ao Becas e não falarem do Scooby-Doo. Toda a gente sabe que só subiu na vida porque se meteu com o Snoopy. Aliás, há quem especule que existiu, inclusive, um ménage com o Alf. Se não tivesse existido este oportunismo por parte do Scooby-Doo ele, com aqueles gritos estridentes, não passaria de um mero cão rafeiro. Quando muito estaria a apresentar um programa da manhã, o que seria como a morte da princesa Diana: ninguém estaria preparado.

Certo é que ninguém quer saber que o Popeye é um bombado do ginásio porque, se repararem, só tem os braços hipertrofiados, desconhecem que a Branca de Neve tentou fazer uma inseminação artificial porque não conseguia engravidar de nenhum anão e não interessa que o monstro das bolachas seja bulímico. À opinião pública, só interessa falar do Egas e do Becas, um casal feliz e monogâmico que só quer paz, ao invés de falar do Sapo Cocas que é a maior fraude dos Marretas. Primeiro, nem sequer é um sapo, é uma rã. Segundo, passa a vida a trocar de namorada e a comer porcas, mas nunca se dignou a vir à Bairrada. Se bem que desconfio que já ninguém fala do Cocas porque, pelo timbre, o Pedro Mexia deve tê-lo comido.

O que custa aqui, de facto, não é a orientação sexual dos fantoches, mas esta necessidade em catalogar e nomear, deixando pouco espaço para a vida, para o amor, para a arte. Entristece que isto ainda seja notícia e haja uma necessidade de alerta, de apelo e de defesa da causa quando, seja qual for a realidade, nada muda. É difícil perceber como é que a sexualidade do Egas e do Becas é notícia e o ménage que o Costa faz repetidamente à esquerda raramente é assunto.
Quem me conhece sabe que, por mim, contraía matrimónio com o Gualter. Não vejo relação mais duradoura que o casamento com um peluche. O único senão, aqui, são as minhas alergias.

Nada que um tratamento anti-ácaros não resolva.