“O todo é maior do que a soma das partes” é a célebre frase do filósofo Aristóteles proferida há milhares de anos, mas que tão bem nos pode ajudar a explicar o conceito One Health, que reconhece que a saúde dos seres humanos, animais e ambiente, incluindo as plantas, está interconectada e interdependente.

É por isso, cada vez mais urgente olhar para ela como um todo. A abordagem One Health é fundamental para enfrentar os desafios de saúde pública do século XXI.

Muitas doenças infeciosas que afetam os seres humanos, como a gripe aviária e a SARS, tiveram origem nos animais. A recente pandemia global de Covid-19 veio também realçar a fragilidade desta interconectividade, tornando a saúde global ou o conceito de One Health mais compreensível para a população em geral.

Na pandemia, confirmámos não só a importância das doenças transmissíveis mais prováveis de origem animal, mas também que a mobilidade geográfica ou o ambiente em que nos movemos com a interferência dos nossos comportamentos, tem um impacto direto na aquisição e transmissão de certas doenças.

A urbanização massiva das cidades, a proximidade do mundo animal, a manipulação do ambiente e dos recursos naturais, as consequências sobre o ambiente e as alterações climáticas, a facilidade de mobilidade da população num mundo globalizado, são todas causas de mudanças na saúde global e o aparecimento de doenças emergentes que, como no caso do Covid-19, podem paralisar o estado de bem-estar em todo o mundo.

Através da investigação num contexto de One Health, as políticas de saúde devem por isso concentrar-se na tomada de medidas para prevenir o aparecimento e a propagação de doenças. De particular interesse nesta área são as doenças infeciosas, especialmente as zoonoses ou doenças infeciosas transmitidas pelos animais.

Também precisamos de melhorar a nossa influência negativa sobre a resistência microbiana, pelo que devemos insistir numa utilização cada vez mais sensata de antibióticos a nível mundial. A segurança alimentar deve ser outro grande desafio para a saúde, bem como a sustentabilidade alimentar e o desenvolvimento e manutenção dos ecossistemas.

É muito importante que as políticas de saúde, educação e investigação em saúde, bem como a consciência social, incorporem o conceito de One Health de modo a melhorar a saúde e o bem-estar face às ameaças atuais e futuras para a saúde e o ambiente.

A abordagem One Health promove a colaboração entre diferentes disciplinas, incluindo médicos, veterinários, biólogos, ecologistas e cientistas ambientais, para enfrentar problemas de saúde pública de forma holística e coordenada. Isso permite uma melhor compreensão dos fatores que contribuem para a propagação de doenças, bem como a implementação de medidas preventivas mais eficazes.

As estratégias de Prevenção One Health devem apoiar um ambiente e um ecossistema mais seguros e saudáveis. No entanto, ainda há muito trabalho a ser feito para promover a abordagem One Health em todo o mundo. Mas com o compromisso e a cooperação necessários, podemos proteger a saúde humana, animal e ambiental em todo o mundo.

Um artigo de opinião de Lourdes Martín, diretora da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Europeia.