No Dia Mundial de Combate ao Cancro da Próstata a Associação Portuguesa de Doentes da Próstata (APDP) apela a que os portugueses deixem crescer o bigode e não o cancro. O mote da campanha de sensibilização acompanha o movimento Movember, que desafia todos os homens a deixarem crescer o bigode durante o mês de novembro com o objetivo de consciencializar e sensibilizar a população para os problemas de saúde masculinos como o cancro de próstata.

Em Portugal, a cada ano, são diagnosticados entre 5.000 a 6.000 novos casos de cancro da próstata. Este tipo de cancro tem a particularidade de evoluir de forma silenciosa e a probabilidade de sofrer de um tumor da próstata aumenta com a idade dos indivíduos - aos 80 anos, mais de 80% dos homens sofrem desta neoplasia.

O cancro da próstata é a segunda principal causa de morte por cancro na população masculina, sendo que no nosso país, aproximadamente 1.800 homens morrem por ano devido a esta doença.

Para José Graça, vice-presidente da APDP, "os dados que temos sobre a incidência do cancro da próstata em Portugal são preocupantes, mas o que nos deixa ainda mais alarmados é este ser um cancro com muito tabu associado, que por vezes acaba por levar a um rastreio tardio da doença".

Na maior parte dos casos, durante a progressão do tumor, os doentes não têm qualquer sintoma e apenas nos exames de diagnóstico se consegue identificar a presença do tumor. "A nossa missão é trabalhar todos os dias para desmistificar e relembrar que é essencial fazer o rastreio. Só assim conseguimos evitar que o número de mortes associado à patologia continue a ser tão elevado", acrescenta o vice-presidente da APDP.

De acordo com as recomendações das sociedades médicas urológicas, o rastreio ao cancro da próstata deve ser realizado por todos os homens a partir dos 50 anos. Contudo, se existir histórico familiar para esta doença, deve ser avaliado pelo médico qual o melhor momento para iniciar o rastreio.

É através dos exames de diagnóstico, toque rectal e análise do PSA (antigénio específico da próstata), que se consegue identificar a presença do tumor antes do aparecimento dos sintomas, avaliar o grau de progressão da neoplasia e a caracterizar o tumor. O toque rectal consiste na palpação da próstata para verificar o seu tamanho, consistência e eventual presença de nódulos. Com a análise ao sangue aos níveis de PSA é possível orientar o diagnóstico, embora a conclusão final dependa sempre da realização de uma biópsia prostática.

Fique a conhecer quais os fatores de risco e os sintomas a que deve estar atento relativamente a esta doença.

Fatores de risco

  • Idade avançada
  • Histórico familiar
  • Origem étnica

Homens com mais de 50 anos, que têm familiares que sofreram destes tumores ou são de raça negra, têm um risco superior.

Para além destes 3 principais fatores de risco, os níveis de testosterona também têm influência, uma vez que esta hormona é responsável pela degeneração e multiplicação das células da próstata. Existem ainda outros fatores de risco modificáveis, tais como as dietas ricas em gordura ou demasiado proteicas, a obesidade e a exposição a produtos tóxicos.

Sintomas mais frequentes

  • Dificuldade/urgência em urinar
  • Micções dolorosas
  • Dor ou desconforto na região
  • Disfunção eréctil (registada apenas em alguns casos)

Na maioria dos casos, o tumor desenvolve-se sem manifestar qualquer sintoma. Os sintomas que surgem com mais frequência não são exclusivos do cancro da próstata.

O tipo e intensidade das queixas, dependem do estádio da doença. Nos casos em que o tumor metastizou, ou seja, ultrapassou os limites da próstata e afetou outros órgãos, podem existir sintomas diferentes e não relacionados com o aparelho urinário, como dores nos ossos, fadiga e cansaço.

O cancro da próstata é um tumor maligno da próstata, uma glândula exclusivamente masculina, que se situa logo abaixo da bexiga e que envolve a uretra - o canal por onde passa a urina em direção ao exterior. O cancro surge devido a uma anomalia nas células glandulares. Em situações normais, as células crescem e dividem-se para formar novas células, das quais umas morrem e são substituídas por novas. No cancro, este mecanismo sofre alterações.

Em determinada altura, e por razões desconhecidas, as células tornam-se mais agressivas devido a alterações ou mutações no seu ADN. Começam a multiplicar-se de forma descontrolada e a um ritmo mais elevado do que as restantes células da próstata. Por outro lado, as células velhas e doentes não morrem, acumulando-se no órgão e dando, assim, origem ao tumor.

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