Segundo os resultados do processo de reformulação dos produtos alimentares em Portugal anunciados na terça-feira, houve, nos últimos três anos, uma redução de cerca de 11% de sal e açúcar em alguns produtos alimentares, como batatas fritas e outros snacks salgados, cereais de pequeno-almoço, pizzas, iogurtes e leites fermentados, leite achocolatado, refrigerantes e néctares.
Em declarações à Lusa, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, saudou os efeitos obtidos, mas deixou um apelo: “Não vamos agora ficar agarrados a estes resultados positivos.”
Reconhecendo que “algumas categorias de alimentos já foram mais além”, ultrapassando as metas definidas, a bastonária sugeriu que é preciso “definir já, de imediato, novas metas” e, “verdadeiramente importante, abranger mais produtos alimentares”.
Entre esses produtos, a bastonária colocou “um foco nos produtos alimentares destinados a crianças”, recordando que um estudo recente evidenciou que estes “tinham, na sua composição, sal e açúcar, o que, de resto, não é desejável”.
Por isso, a bastonária dos nutricionistas apela a que se celebrem, “de imediato”, compromissos com as empresas que produzem produtos alimentares para crianças, sublinhando que a política de saúde não pode ficar “refém” das mudanças na governação.
“Ficamos muito expectantes com a constituição do novo Governo e com quem ficará com a pasta da Saúde, mas também cá estaremos para continuar a sinalizar estas questões”, garantiu, sublinhando antes a necessidade de se firmarem “rapidamente alguns compromissos” com a indústria, que “está muito recetiva no sentido de caminhar para produtos mais saudáveis”.
Os resultados obtidos devem “encorajar para o futuro”, vincou Alexandra Bento. “Estamos perante um trabalho colaborativo entre a indústria, a distribuição e aqueles que são os responsáveis da saúde, que nos levou a atingir os resultados”, notou.
O processo de reformulação dos produtos alimentares em Portugal remonta a 2018, quando se iniciou o diálogo entre as autoridades de saúde e a indústria alimentar e de distribuição, tendo sido assinado um compromisso em 2019. Desde aí, procedeu-se à monitorização dos anos de 2020 e 2021, o que voltará a acontecer este ano.
De acordo com os dados revelados na terça-feira, numa sessão no Infarmed, em Lisboa, os produtos alimentares abrangidos pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, da Direção-Geral da Saúde (DGS), e pela Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável registaram, naqueles três anos, uma redução de 11,5% e 11,1% de teor de sal e açúcar, respetivamente.
Essa redução foi, no total, de menos 25,6 toneladas de sal e menos 6.256,1 toneladas de açúcar, segundo uma nota de imprensa da Direção-Geral da Saúde sobre os resultados.
“O teor médio de sal dos produtos abrangidos passou de 1,14g por 100g em 2018 para 1,01 g por 100g em 2020” e “o teor médio de açúcar passou de 7,46 g por 100g para 6,36g por 100g”, detalha-se na mesma nota.
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