O novo teste de diagnóstico à tuberculose pode ser efectuado por trabalhadores da área da saúde pouco qualificados e permite detectar, de forma rigorosa, os fármacos aos quais os pacientes são multirresistentes. Quase sempre, em apenas duas horas, de acordo com uma pesquisa.

O estudo publicado no New England Journal of Medicine demonstrou que um único teste identifica correctamente 98% das pessoas previamente diagnosticadas como positivas em testes comuns.

Os resultados foram obtidos a partir de uma amostra de 1462 indivíduos, cujos sintomas sugeriam tuberculose, recrutados em diferentes centros populacionais: Lima, no Peru; Baku, no Azerbaijão; Cape Town e Durban, na África do Sul e, ainda, em Mumbai, na Índia.

“Os resultados são encorajadores”, afirmou Mario Raviglione, director do departamento “STOP Tuberculose”, da Organização Mundial de Saúde (OMS). “Agora temos nas nossas mãos uma ferramenta que podemos utilizar rapidamente, não apenas ao nível da confirmação da Tuberculose, mas também em termos do reconhecimento dos fármacos multirresistentes, o que significa uma revolução na forma como lidamos com ambos”.

O novo teste de diagnóstico foi desenvolvido a partir de uma parceria público-privada; a Foundation for Innovative New Diagnostics, com sede em Genebra, a empresa Cepheid e a University of Medicine and Dentistry, de New Jersey, tendo ainda contado com o apoio da Fundação Bill Gates e da sua mulher, Melinda.

Raviglione afirmou que um comité de especialistas da OMS está agora a debruçar-se sobre os resultados do estudo. Um grupo de conselheiros estratégicos irá depois rever este trabalho e só então procederá à elaboração de recomendações, nomeadamente sobre as repercussões da introdução do novo teste de diagnóstico em termos de Saúde Pública.

Em Outubro, se tudo correr como planeado, a “OMS estaria numa posição de poder promover a rápida detecção da Tuberculose nos seus estados membros e interpelar os estados a introduzi-lo, o mais rapidamente possível”, acrescentou Raviglione.

A OMS gostaria ainda de ver a nova tecnologia chegar o mais longe possível, a começar pelos hospitais distritais localizados nas zonas mais rurais de África.

Só em 2008, estima-se que tenham surgido cerca de 9.4 milhões de novos casos de Tuberculose, incluindo cerca de 440 mil de Tuberculose Multirresistente a Fármacos, a forma mais grave da doença

De acordo com as estatísticas da organização, todos os anos a doença é responsável por cerca de 1.8 milhões de mortes (entre150?mil e 200 mil devido a Tuberculose Multirresistente).

Fonte: BMJ (British Medical Journal, 2010;341:c4897 )

2010-09-07