Num estudo publicado na Molecular Cancer Therapeutics, os investigadores testaram a molécula 6-thio-dG em células estaminais de cancro cerebral derivadas de células tumorais doadas pelos pacientes.

Os especialistas também testaram o tratamento em modelos de ratos modificados para terem cancro cerebral pediátrico, incluindo glioma pontino intrínseco, glioma de alto grau e meduloblastoma de alto risco.

Em testes laboratoriais pré-clínicos, a terapia molecular direcionada cruzou a barreira hematoencefálica do corpo nas cobaias, o que causou danos extensivos no ADN em células cancerígenas e interrompeu dois tipos de cancro cerebral pediátrico intratáveis. A terapia não afetou células não cancerígenas e os benefícios terapêuticos continuaram nos animais após o término do tratamento.

"Estas descobertas mostram que a 6-thio-dG é uma nova abordagem promissora para tratar tumores cerebrais pediátricos resistentes às terapias atuais e fornece uma justificativa para o teste clínico deste tratamento em crianças com tumores cerebrais", disseram os investigadores.

Embora a molécula não pareça entrar em células não-cancerígenas, os investigadores acreditam que são necessárias mais pesquisas para garantir a segurança do composto antes de se iniciarem testes clínicos em pacientes humanos.

Apesar de décadas de esforços de pesquisa e avanços tecnológicos, estes tipos de cancro cerebrais pediátricos de alto risco continuam a nem sequer responder aos tratamentos; mas este estudo mostrou que após a injeção, a molécula funcionou, ao cruzar primeiro a barreira hematoencefálica das cobaias, um avanço significativo que elimina um grande obstáculo ao tratamento de cancros cerebrais. A barreira hematoencefálica protege o órgão de patogénicos que passam pelo sistema circulatório, tornando-o farmacologicamente impenetrável.

O composto atua provocando danos extensivos ao ADN de células cancerígenas cerebrais e células estaminais cancerígenas. Para conseguir isso, ele interrompe a função dos telómeros nos cromossomas das células do cancro cerebral, de acordo com os investigadores.

Os telómeros são sequências repetidas de ADN nas extremidades dos cromossomas que impedem ou minimizam a instabilidade genética nas células. À medida que as células envelhecem, os telómeros diminuem e a instabilidade genética ajuda a matar as células que estão a envelhecer. Mas as células cancerígenas cerebrais tornam-se imortais porque o comprimento dos seus telómeros continua a ser mantido por uma enzima, o que as torna difíceis ou impossíveis de eliminar.

De acordo com a equipa de investigação, a telomerase ajuda as células cancerígenas a manter o comprimento dos seus telómeros. Este facto levou os investigadores a utilizar um protocolo de tratamento com a molécula, que já está a ser testado em pesquisas pré-clínicas.

Fonte: PIPOP